?As crianças não são apenas o
nosso futuro, elas são o nosso presente e precisamos de começar
a levar muito a sério as suas vozes. Devemos escutar atentamente o
que os jovens têm para dizer e dar-lhes todas as oportunidades de palavra.
Devemos chegar até eles e encorajá-los a participar no processo
de tomada de decisão no que afecta as suas vidas. ?
Carol Bellamy, Directora Executiva da UNICEF 2002
O mundo dos adultos conhece verdadeiramente o que pensam as
crianças? Os detentores do poder de decisão têm alguma ideia
acerca das expectativas ou preocupações das crianças? E,
se têm, usam este conhecimento para criar condições em casa,
na escola e na comunidade, de modo a melhor reflectir os reais desejos e necessidades
das crianças?
A Convenção sobre os Direitos das Crianças, adoptada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas em 1989 e sendo actualmente
o tratado internacional mais alargadamente ratificado, diz que as crianças
têm o direito de se expressar livremente. Isto é , em si mesmo
de relevância ímpar. A convenção continua afirmando
que os adultos devem ter em consideração as opiniões das
crianças e dos adolescentes na medida em que tomam decisões que
os afectam.
As implicações da Convenção são inúmeras
se os adultos tomarem seriamente a sua responsabilidade como cidadãos
individuais, pais, governantes, grupos da sociedade civil, agentes internacionais
e do sector privado. A UNICEF está convicta de que o mundo se tornará
um inegável melhor espaço de vida se os pontos de vista das crianças
forem séria e sistematicamente tidos em conta e se a sua participação
como cidadãs detentoras de direitos for encorajada e desenvolvida.
O primeiro passo é dar a conhecer a opinião das crianças
e analisá-la com base numa escala de tópicos; é o que a
UNICEF vem tentando fazer através de ?eleição?
de opiniões.
Muito do que as crianças dizem é desconfortável para os
adultos. Elas falam com eloquência e determinação acerca
da violência, da injustiça, de discriminação e sobre
o facto de não serem ouvidas. Mas também contam coisas muito interessantes:
quanto apreciam o amor e o apoio, quanta esperança depositam no futuro
e quanto, apesar das dificuldades correntes, querem intensamente contribuir
para a construção de um mundo melhor para todos.
Os custos do silêncio das crianças
O mundo recebe dividendos se escutar as crianças. No
entanto, apesar da clara evidência deste efeito, uma grande parte das
crianças continuam invisíveis para os políticos e o que
lhes diz respeito não é atendido.
O Artigo 12º da Convenção sobre os Direitos da Criança
diz que ?em todas as matérias que afectem a criança, aos
seus pontos de vista [ ? ] deve ser dado o devido peso de acordo com a
idade e a maturidade?.
A invisibilidade das crianças nas famílias, comunidades e nações
leva a que o mundo fique desprovido de importantes input e novas ideias. Silenciar
as crianças contribui para um mundo onde elas são vítimas
de discriminação, abuso, exploração, pobreza e medo.
A longa história do silenciamento das crianças tem produzido atrocidades.
Numa época em que reina a tecnologia, os lucros sobem, as viagens no
espaço são banalidades e a comunicação se reduz
a um click, as crianças ainda habitam terrenos de pobreza, são
vítimas de abusos físicos, psicológicos e sexuais, são
soldados compulsivos e expostas a doenças mortais.
Silenciar as crianças, aniquilando-lhes o espírito e liquidando-lhes
as esperanças é alimentar uma indelével ferida.
Para interiorizar ... e mudar.
|