Compreender a realidade através das estatísticas que sobre ela se vão fazendo.

A redução da realidade a números é um passo fundamental para a compreensão dessa mesma realidade. Devemos suspeitar das nossas estatísticas, que nos asseguravam sermos 9,9 milhões, em Portugal, dizendo depois que somos 10,3, ou até mais (arriscaria 11) porque não houve quem se lembrasse dos imigrantes... Entretanto, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estima que um terço da economia portuguesa se situa no mercado paralelo. Sabemos e não podemos ignorar que a droga, as armas, a prostituição, frequentam as nossas escolas. Muitas vezes não sabemos é em que medida, porque dizer "muito" ou "pouco" não é rigoroso. Já em 1996, o Departamento de Estado Norte-Americano falava nas nossas costas sem patrulhamento, considerando Portugal uma porta para a entrada de droga na Europa. Em relatório de 1999, o mesmo Departamento afirmava que "a maior parte da lavagem do dinheiro em Portugal é relacionada com a droga." O Observatório Europeu para o Consumo de droga, refere, em 2001, que "Portugal é dos poucos países onde as apreensões de heroína continuam a aumentar e o preço de rua continua a descer." Isto tudo quer dizer que Portugal não é só uma porta de entrada de droga: é um porto aonde a droga se aloja e produz a fortuna de alguns e a total miséria de muitos. O objecto da Educação é a vida; a vida em Sociedade, procurando-se a cooperação. Os actores da Educação serão, se pretendermos ter futuro, todos os seres humanos. Numa Sociedade intoxicada (falando em sentido literal) terá a Educação qualquer futuro? É necessário, adaptando uma frase célebre de John Kennedy, pedir socorro à Sociedade, perguntar-lhe o que pode ela fazer pela Escola, pela Educação, em vez de ser a Sociedade a esperar constantemente soluções provenientes da Escola, da Educação. A Sociedade minada é a mesma da Escola invadida pela droga, pela violência, pelos piores males desta Sociedade, que supostamente, deve ser corrigida e conduzida a bom porto a partir da Escola. Terá isso sentido?