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Esplendores gráficos - um lição no Báltico
Leio, num dos salões da Casa Tait, também conhecida pela Quinta do Meio, ali para os lados da Macieirinha, no Porto Romântico, uma carta de Baiba Circene, datada de Riga, na Letónia, a propósito de uma exposição de artes gráficas ali patente.

"Cartas de Riga" é uma exibição de trabalhos enraizados na tradição da arte gráfica da Letónia, sob o patriótico tema da celebração dos 800 anos da cidade do Báltico, uma mostra primeiramente exibida na reconstruida "Casa das Cabeças Pretas", um dos ex-libris de Riga.

Diz-nos Baiba Circene que "na Letónia, como noutras terras de cultura, a popularidade da arte gráfica não consegue competir com a do video, a das instalações ou a da arte conceptual". A limitação a uma folha branca de papel quase sempre se torna perdedora em termos de popularidade.

E, no entanto, se é verdade que a arte gráfica se manifesta, prioritariamente, em livros, jornais, publicidades e design, não é menos verdade que que alguns elementos e soluções gráficas são, frequentemente, utilizados um televisão, desenhos animados e até em arquitectura.

"Não podemos esquecer - prossegue Baiba Circene - que a criação de um trabalho de arte é um processo espiritual que necessita de capacidades espirituais. Afinal de contas, a crítica e o público julgam com a sua experiência cultural e entendimento o trabalho de arte criado. É aí que a concepção acerca das relações entre a arte tradicional e contemporânea se realizam",

Sem o óbvio das omnipresentes torres de Riga, as cartas da cidade expostas na Casa Tait, no Porto, mostram-se em gravuras clássicas, em litografias em águas fortes, na pintura e até em estampas, criadas com técnicas de computador.

Tudo isto sob a protecção dos altos muros da Casa Tait, essa joia inglesa do Porto Romântico, que Miss Muriel Tait soube vender ao município portuense, na condição de que nunca deixasse de ser um "espaço verde público", cheio de rosas, de camélias, de brincos de princesa...

Esta é também a herança do Porto 2001., Capital Europeia da Cultura. Como escrevia Teresa Lago num convite ao país, O que se quer é deixar marcas definitivas de "capital
Europeia", é criar a oportunidade para induzir uma mudança irreversível no Porto, como cidade europeia, como cidade de cultura. "Uma mudança nos hábitos e práticas culturais, porque mais dinâmicas e exigentes".

Para lá da grande festa que, também no Porto, marcou, com altos e baixos, o primeiro ano no novo milénio. Como se o ano de 2001, por simbólico, jamais se esgotasse nos dias que o fizeram.


  
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Edição:

N.º 112
Ano 11, Maio 2002

Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

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