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O mundo pensa nas crianças? O mundo age em defesa das crianças?

Apesar dos esforços mundiais, a luta contra a exploração sexual das crianças com fins comerciais é lenta e está longe do fim.

Portugal é um país e uma só nação. Condição não muito comum que deve ser tida em conta, apesar e para além de se caminhar, de vontade ou a contragosto, para uma globalização que, se é susceptível de alienar soberania, implica uma efectiva co-responsabilização na defesa dos direitos de todo e qualquer cidadão.
Ajustemos a lupa para a observação do universo colossal de riqueza e vulnerabilidade dos mais novos.
A nível macro, quer dizer, olhando por telescópio supostamente credenciado pelas potências cimeiras, temos conhecimento de que ainda não passou muito tempo sobre a construção de um observatório/laboratório dedicado a esses seres que convenções internacionalmente subscritas e ratificadas definiram como crianças.
Em Dezembro de 2001 decorreu em Yokohama, o 2º congresso mundial contra a exploração sexual das crianças com fins comerciais. Muitas intervenções se fizeram, apurada metodologia foi adoptada, constatações (observações) foram partilhadas por diversos olhares e conclusões/planos de acção tiveram cientistas e arquitectos de mérito na sua feitura.
Declara-se à imprensa, com optimismo louvável, que "o Congresso satisfez as expectativas e até as ultrapassou... e estabeleceu o Compromisso Mundial de Yokohama que reafirma e reforça as promessas relativas ao anterior".
De onde vem a satisfação da recompensa dos esforços despendidos? De haver um maior número de participantes do que o previsto, bem como das delegações governamentais. O encanto culmina com o facto de, em vez de uma única intervenção saída de uma assembleia paralela de jovens, em 1996, se terem contado por 90 os delegados da juventude.
É de louvar o optimismo de quem participa em reuniões desta dimensão; se optimistas não fossem não deveriam aí ter assento. Mas não pode dizer-se "missão cumprida" quando tão comprida é a lista de acções a levar a cabo no terreno! Começa a preocupar o facto de, de cimeira em cimeira, de subscrição e/ou ratificação de documentos em reafirmação de quase todas as intenções anteriormente proclamadas, resultar um processo tão lento enquanto aceleram em gravidade, diversificação e número, os casos de subtis ou grosseiras traições àqueles que, por mais estigmatizáveis, profundos acompanhamento e protecção merecem.
Nas conclusões dos encontros há sempre um alerta para a necessidade de uma maior vontade política e um para reforço dos recursos.
À lupa:
Que dados concretos fornecem e publicitam os observatórios? Que segurança é concedida aos explorados para que denunciem sem medo de retaliação? Por que se penalizam vítimas juvenis, tratando-as tantas vezes como criminosos?
A prevenção é responsabilidade de todos. O tratamento das causas compete particularmente aos Estados.
O tema tem melindre... mas que se divulgue o que vemos, ouvimos e lemos.
JN - 24/03/02 "Adolescentes sofriam abusos no consultório. Pediatra conceituado ... adormecia jovens e gravava façanhas sexuais"
"Em ... a polícia desmantelou, uma rede de pornografia infantil que actuava através da Internet; foram detidas 13 pessoas, três das quais menores"
É preciso mais, muito mais! Como diria um certo humorista... sem medos.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 112
Ano 11, Maio 2002

Autoria:

Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima, Porto
Iracema Santos Clara
Escola E.B. 2/3 Dr. Pires de Lima, Porto

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