Aqui estamos nós, brasileiras, todas mulheres, a lhes enviar um postal , a
vocês, portugueses e portuguesas, a quem nos ligamos por nossas comuns origens.
Afinal, poucos são os nascidos no Brasil que, de Portugal não tenha vindo algum
de seus ancestrais. Eu cá lhes digo que do lado de meu pai, tanto o pai quanto
a mãe daí vieram, uns do Porto e outros de Lisboa. E a cada ano mais me sinto
meio portuguesa, meio brasileira, hibridizada que cada vez mais me sinto. Já
a minha fala vem se tornando, seja pela organização frasal seja pela musicalidade,
o que Homi Bhabha denominaria um entre lugar, nem lá nem cá, um lá e cá, resultado
de tanto lá ir e de tanto me aproximar de Portugal, de tanto cruzar estes mares
e ares até um tempo nunca navegados e que nos últimos tempos vivo a cruzar,
e neste ir e vir, trazendo algo de vocês e com vocês deixando tanto de mim.
Bem, tendo me apresentado, apresento meu grupo, a que de um tempo para cá, passamos
a denominar Grupalfa - um grupo de 10 ou 12 mulheres pesquisadoras que, a cada
sexta-feira se reúne para discutir as nossas pesquisas, tentando melhor compreender
a escola e, na escola, professoras e professores, alunos e alunas que ensinam
e aprendem das coisas do mundo e das coisas da escrita. Nosso grupo tenta compreender
por que razão a décima primeira economia mundial, não consegue alfabetizar todas
as suas crianças e apresenta ao mundo insistentes índices de analfabetismo de
jovens e adultos. E quanto mais adentramos este processo, mais complexo ele
nos parece. Tentamos seguir pistas que, às vezes se mostram e outras vezes desaparecem.
Captamos ora diálogos ora monólogos e algumas vezes, verdadeiros polílogos.
E é destas conversas que nos fascinam e desafiam por falarem das coisas que
nos apaixonam que estaremos convidando vocês a participar, que não queremos
falar sozinhas. Neste espaço que genéricamente a editoria de a Página designou
por "AFINAL onde está a escola?", nos próximos meses, vamos falar de escola,
de professoras e professores e de crianças e jovens. Nem sempre de dentro da
escola, uma vez que não acreditamos ser apenas na escola que se ensina e se
aprende. Mas à escola sempre retornaremos, que este é nosso mister.
No próximo mês lhes enviaremos uma fotografia de nosso grupo, pois queremos
mostrar a nossa cara e, pouco a pouco a nossa alma que, gostaríamos, não fosse
pequena, como tão lindo dizia nosso amor comum, Fernando Pessoa.
Até mais então
Regina
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