Cada época manifesta uma maneira de encarar a vida e festejar o sonho de realizações
únicas para o seu tempo. No último meio século, os indivíduos, as famílias e
os grupos têm-se vindo a entregar, de uma certa forma, a diversos governos,
às grandes empresas, à elite dos chefes de fila, ou aos experts de todos
os matizes, que se têm posicionado para dirigir e gerir os diferentes aspectos
da vida corrente dos cidadãos.
Pode dizer-se que, principalmente nas últimas décadas, as pessoas começaram
a perder verdadeiramente o controlo do seu destino, pois muitas dimensões da
sua existência são presentemente condicionadas, em parte, pela grande finança,
pelo big-bother televisivo, ou pela superprodução e consumo de produtos,
bens e serviços desnecessários.
Para além destes aspectos, deve-se igualmente ter em conta os factores relacionados
com a invasão tecnológica, os maus hábitos alimentares, o acentuar da vida sedentária,
a desenfreada competição profissional, o congestionamento dos transportes, a
má qualidade do ambiente, e as deficiências crónicas em alguns serviços sociais
básicos como a educação ou a saúde, e todos eles com graves prejuízos para a
vida das pessoas.
Concomitantemente, e opondo-se a este quadro, começam a surgir testemunhos de
um acordar lento das pessoas e das sociedades, no sentido de assegurar certos
princípios associados aos valores da qualidade de vida e do bem estar. Princípios
mais saudáveis e melhor adaptados à conservação dos territórios naturais e culturais,
à salvaguarda do equilíbrio físico, mental e afectivo, isto é, à prática de
melhores hábitos nos vários níveis da vida corrente.
A "saúde da sociedade" estabelece-se a partir do estado particular de satisfação
das pessoas, das famílias, dos grupos ou das comunidades.
A evolução das mentalidades destes actores sociais no campo das exigências de
uma melhor qualidade de vida e bem estar, em particular nas grandes aglomerações
urbanas, começa a fazer o seu caminho, sobretudo no que respeita à forma de
organização e gestão do tempo e dos afectos.
O que está a ser descoberto, paulatinamente, é que a qualidade de vida pode
ser melhorada, deve ser exigida e é, acima de tudo, um direito de cidadania,
que contribui para a longevidade, a saúde e o bem estar.
A partir daí, chega-se facilmente à importância do tempo livre, o que quer dizer
que podemos estar a um pequeno passo de poder escolher e ter uma vida melhor.
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