Caracterização da Organização |
A criação da Amnistia Internacional (AI) está umbilicalmente
ligada a Portugal. Estamos no início dos anos 60. No auge das lutas estudantis
contra o Estado Novo, a polícia prende dois jovens por gritarem na via
pública: "Viva a liberdade". Teria sido apenas uma entre muitas outras
prisões, não fosse a notícia publicada no jornal inglês "The Observer".
Peter Benenson, um advogado britânico, não ficou indiferente ao sucedido
e decidiu publicar um apelo para organizar uma ajuda a todos os presos
por convicções políticas, religiosas, raciais ou linguísticas. Passado
um mês, Benenson tinha já mais de mil cartas de pessoas dispostas a ajudar
na recolha de informação sobre casos de prisioneiros de consciência.
Actualmente a AI está sediada em 59 países e tem cerca
de um milhão e trezentos mil membros e simpatizantes por todo o mundo.
São eles que apoiam financeiramente as acções de luta. O movimento bate-se
essencialmente pela libertação dos prisioneiros de consciência. Defende
a realização de julgamentos justos e o fim dos "desaparecimentos" e das
execuções extrajudiciais. A abolição da pena de morte, da tortura e dos
tratamentos cruéis para com todo o tipo de reclusos são outras das lutas
da organização.
A AI opera com base numa rede informacional que chega
ao interior do movimento através de cartas, dos próprios prisioneiros
ou dos seus familiares, informações da imprensa ou das secções regionais
da organização. A partir desta informação são elaborados "Action Files":
dossiers com investigações e dados sobre um caso específico que servem
de ponto de partida para a realização de acções de luta. Lutar significa,
no "dicionário" da AI, denunciar publicamente as violações aos Direitos
Humanos , como forma de pressionar os governos, implicados ou não, a tomar
uma posição sobre essas matérias.
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