Trinta e dois países, na sua grande maioria do continente africano,
arriscam-se a não cumprir o compromisso internacional de escolarizar todas as
crianças no ensino básico até 2015, assumido em Abril de 2000 em Dakar, capital
do Senegal, de acordo com um relatório da Unesco publicado recentemente. Na
maioria destes países seria necessário multiplicar duplicar ou triplicar os
esforços de escolarização e em alguns, como Angola, o Lesoto, a Libéria, o Níger
ou a Somália, esse esforço teria de ser elevado a dez, revela aquele documento.
Actualmente, uma em cada cinco crianças não está escolarizada em numerosos países
em desenvolvimento e 100 milhões de crianças em idade escolar não vão à escola.
Para atingir o objectivo fixado para 2015, faltará escolarizar cerca de 156
milhões de crianças, das quais 88 milhões vivem em África subsahariana, 40 milhões
no sul da Ásia e 23 milhões nos países árabes.
Apesar disso, nota-se alguns resultados positivos em países como o Malawi, a
Mauritânia e o Uganda, onde a taxa de escolarização duplicou desde há dez anos,
atingindo perto de 100%, ou na Zâmbia, onde passou de 55% para 70%, apesar de
em muitos casos este aumento reflectir-se na deterioração da qualidade do ensino.
O documento recorda que será necessário dispender à escala mundial entre 1,5
e 3 mil milhões de contos suplementares anuais para atingir os objectivos fixados,
o que representa não mais do que 0,06% do Produto Interno Produto dos países
que concedem os fundos ou 0,3% dos países em vias de desenvolvimento. O relatório
recorda ainda que o número de adultos analfabetos no mundo é de 875 milhões,
ou seja, um adulto em cada cinco.
AFP
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