Guerra de manuais entre Israel e a Palestina
Israel acusa o ministério da educação da Autoridade Palestiniana
(AP) de "incitar ao ódio aos judeus" nos novos manuais escolares distribuídos
pelas escolas dos territórios autónomos, uma acusação refutada pelo ministro
palestiniano que afirma ser vítima de uma "campanha de lobbying unilateral e
parcial" e lamentar que o seu homólogo israelita não tome um gesto idêntico
quando confrontado com acusações de racismo no seu próprio sistema educativo.
O director-adjunto das relações públicas do ministério palestiniano da educação,
Noamne A. Chérif, reforça esta posição e garante que os actuais manuais escolares
são concebidos num "espírito de educação para a paz".
Mas os israelitas não parecem muito convencidos. De acordo com o "Centro para
a Monitorização do Impacto da Paz", uma organização não governamental israelita
considerada pelos palestinianos como um "organismo de direita que se opõe ao
processo de paz", os acordos assinados entre Israel e a AP, neste domínio, não
contribuiram para mudar a atitude face ao povo judeu, reconhecê-lo como uma
nação e aceitar o direito de existência do estado de Israel. "O anti-semitismo,
a deslegitimização e a necessidade imperiosa de expulsar os judeus colonialistas
da "Palestina Ocupada" são ainda ensinados", dizem.
Os palestinianos, por seu lado, defendem-se argumentando que uma prova da
sua boa fé é demonstrada ao não fazer referência nos manuais a questões "quentes",
como é o exemplo da referência geográfica às fronteiras entre ambos os estados,
um dos principais pomos de discórdia. Já quanto ao estatuto de Jerusalém, reivindicada
por ambos os povos como lugar santo e capital dos respectivos estados, o ministério
palestiniano acha-se no "pleno direito" de referir-se àquela localidade como
uma "cidade ocupada" e de a considerarem como "capital" do seu futuro estado,
referindo ainda que só deixará de se referir a Israel como "ocupante" quando
este país cesse a ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Os palestinianos iniciaram a impressão dos seus próprios manuais escolares
apenas no ano passado - estando disponíveis para os alunos entre os 6 e os 11
anos desde essa altura, e desde este ano para os alunos dos 7 aos 12 anos -,
depois de terem passado 50 anos a receber livros fornecidos pelo Egipto e pela
Jordânia, destinados, respectivamente, aos estudantes da Faixa de Gaza e da
Cisjordânia.
(AFP)
África out
De acordo com um recente estudo apresentado pelas Nações Unidas, o objectivo
de escolarizar a curto prazo todas as crianças africanas no ensino básico será
atingido apenas por 10 dos 53 países do continente. Pior do que isso, 22 países
africanos arriscam-se a não cumprir os compromissos de inscrição universal no
ensino básico até 2015, de acordo com as metas estabelecidas no Fórum Mundial
de Educação, realizado em Dakar, capital do Senegal, em Abril de 2000. Em sete
desses países, cerca de metade das crianças em idade escolar não frequentam
sequer a escola.
"Atendendo a que a informação e a qualificação, bem como a capacidade de as
combinar com sucesso, são consideradas fontes de riqueza, a educação em África
está em profunda crise", refere o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, sublinhando
que a taxa de frequência do ensino básico se encontra abaixo dos níveis registados
em 1970, o que traduz uma deterioração dos serviços públicos em geral e da educação
em particular.
No ensino secundário e no ensino superior, os níveis de inscrição são muito
inferiores aos registados em outros países em desenvolvimento de outros continentes.
A qualidade do ensino é, em geral, "medíocre", os programas escolares estão
longe de "corresponder às exigências da nova economia mundial", o que se reflecte,
necessariamente, no "crescente défice de profissionais qualificados nas áreas
científicas", de acordo com o mesmo estudo.
De facto, África não conta com mais do que cerca de 200 mil cientistas e engenheiros,
o que representa cerca de 0,36% do total mundial, e produz apenas 1,5% das publicações
científcas mundiais. Por outro lado, o continente deverá fazer face a uma imigração
crescente de mão-de-obra qualificada em direcção a outras regiões, já que segundo
a Comissão Económica das Nações Unidas para a África (CEA), o continente perde
anualmente cerca de 20 mil técnicos especializados (entre médicos, professores
universitários, engenheiros, etc.).
Kofi Annan preconiza, assim, uma "melhor governação económica e política"
como única forma de inverter este processo dramático, a que se devem juntar
medidas que encoragem o "retorno de africanos qualificados" e a aplicação de
medidas inovadoras, de que é exemplo o programa brasileiro "Bolsa-Escola" -
atribuição de ajuda financeira às famílias pobres que enviem os filhos à escola
- que demonstrou ter resultados muito satisfatórios na América Latina e na Ásia.
(AFP)
"Guerra santa" às calças largas e umbigos à mostra
Escandalizados por verem os alunos envergar calças "baggy" (daquelas largueironas,
que caem bastante abaixo da cintura e parecem estar uns bons números acima do
tamanho do portador) e com t-shirts que mostram generosamente o umbigo, numerosos
liceus e escolas americanas decidiram iniciar uma guerra à indumentária usada
pelos jovens e impôr códigos de vestuário. Mais ainda depois de o jornal diário
USA-Today ter publicado recentemente fotografias das roupas mais populares entre
os estudantes americanos, incluindo, entre outros exemplos, calças rasgadas
praticamente até às coxas ou calções de tal maneira curtos que, além de mal
dissimularem a roupa interior, pronunciavam as já de si arredondadas formas
das adolescentes.
Para contrariar este fenómeno - que preocupa cada vez mais os educadores americanos
-, o director de uma escola de Dallas, no estado do Texas, deu o exemplo e encomendou
uma série de cintos que são entregues aos alunos cujas calças lhes caem e deixam
antever a roupa interior, uma moda, aliás, já generalizada nos países ocidentais.
Uma outra escola, localizada na localidade de Millersville, no Maryland, preferiu,
por sua vez, ter t-shirts de reserva prontas a serem vestidas para camuflar
eventuais "indecências".
"Pensamos que é necessário criar um ambiente favorável a uma atitude digna,
e o código de vestuário é a primeira etapa para o garantir", explica Lawrence
Mink, um dos responsáveis do departamento de educação do condado de Bibb, na
Georgia. Depois de alguns anos passados a estudar os hábitos indumentários dos
jovens na escola, as autoridades deste estado impuseram certas regras que tentam,
com maior ou menor sucesso, fazer respeitar.
O código de conduta adoptado estipula, nomeadamente, que as calças devem ser
usadas à medida, não estarem rotas ou descosidas e serem usadas a uma altura
natural, "sem tocarem no solo". Quanto às saias, devem ser usadas abaixo do
joelho e os braços e o ventre não devem estar expostos.
Estes gritos da moda preocupam igualmente os pais. Muitos deles, alarmados
por um anúncio televisivo promovendo uns jeans caindo abaixo das ancas, inundaram
o site da cadeia de roupa "JC Penney", responsável pela ideia, a ponto de fazer
parar a campanha publicitária. Mas nem todos os sectores da sociedade americana
parecem estar de acordo com estas atitudes pressecutórias e consideram-nas mesmo
injustificadas. É o caso do professor David Sadker, que prepara um livro intitulado
"Professores, escolas e sociedade", de acordo com o qual "são os adultos a levantar
esse tipo de problemas, não os jovens". "No fundo, trata-se de facilitar a visão
do mundo aos próprios adultos, tentando fazer com que os jovens pareçam menos
diferentes de nós", conclui.
(AFP)
Estudantes espanhóis protestam e lutam
Milhares de estudantes espanhóis entraram em greve ou manifestaram-se
nas principais cidades daquele país para protestar contra um projecto de reforma
das universidades avançado pelo governo de Jose Maria Aznar, líder do Partido
Popular, no poder. Segundo o ministério da Educação, o movimento grevista organizado
pelo Sindicato de Estudantes (SE) nos estabelecimentos de ensino secundário
- sector que também aderiu ao protesto - teve uma adesão de 32%. As manifestações
mais significativas ocorreram em Madrid e em Barcelona, onde seis pessoas foram
detidas por provocar distúrbios já no final dos desfiles.
Um dos principais pontos de discórdia relativamente a esta reforma prende-se
com a prevista extinção dos exames gerais de acesso ao ensino superior, que
serão substituídos por exames particulares realizados por cada universidade,
e a possibilidade de estas terem nos quadros do corpo docente uma percentagem
de professores contratados, sem estatuto próprio, próxima dos 50 por cento.
(AFP)
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