Para a Francisca
Eu conto os contos que conto
São muitos são mais de mil!
No meio deles encontro
Um a que chamei "Abril"
Vais gostar
Presta atenção
É história de embalar
Assim para se sonhar
E guardar no coração
Num país prenhe de História
escrita por povos vários
vindos de longe e de perto
abriu-se uma porta ao mundo
Não invento, estou certa
Certa do saber profundo
de quem guarda na memória
luta, derrota e vitória
a par de amor e verdade
com orgulho, sem saudade
Esse país é o teu
É o mar e é a terra
É o cofre que encerra
a gente que é nação:
voos altos mais que o céu
fortes raízes no chão
Isto que te digo agora
já à tua mãe contava
e o que a seguir vais ouvir
com emoção sussurrava
No país que eu queria lindo
houve mãos que o enfeiaram,
com garras foram ferindo
a porta quase fecharam!
Foi proibido cantar
trovas que os ventos levaram
Foi necessário fugir
mas as palavras ficaram
Ficaram e foram lidas
por resistentes vontades
que teimaram, que choraram
e das lágrimas fizeram
arautos das liberdades
Abril vestiu-se de cravos
da minha seiva nascidos
e a meus filhos oferecidos
Acabaram os escravos!
Os donos foram banidos!
Cuida bem do teu jardim
que Abril é p?ra florir
A conquista não tem fim ...
Pronto, já podes dormir
Iracema Santos Clara
Escola EB 2/3 Dr. Pires de Lima
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