De 13 a 25 de Novembro de 2000 teve lugar em Haia a 6ª conferência sobre
as mudanças climatéricas. Entre outros assuntos, discutiu-se a
influência do "urso" americano que ao dar os seus passos de dança,
acabou por dar cabo de todo o espectáculo.
Os compromissos tomados em Kyoto em 1997, visam restituir,
daqui até 2021, as emissões de gás com efeito de estufa
ao seu nível de 1990. Três anos depois de ter sido tomada a decisão,
alguns países com os Estados Unidos à cabeça, colocam em
causa esta meta. A principal razão: as mudanças e as dificuldades
que este objectivo pode trazer às suas indústrias em termos do
crescimento económico.
A última conferência das Nações
Unidas sobre as mudanças climatéricas que teve lugar em Haia,
no decorrer das últimas semanas de Novembro, saldou-se por um desaire
depois de um derradeiro esforço para se chegar a um compromisso que visa
a finalização de um tratado para a resolução do
problema do aquecimento do planeta e que solicita uma resposta mundial. Aqui
reside todo o centro da questão, uma vez que a cooperação
internacional neste domínio cede frequentemente aos mais diversos afrontamentos
políticos. Durante os três últimos anos, as emissões
de gás não deixaram de aumentar, acentuando cada vez mais a urgência
de se chegar a um acordo.
A este propósito, a ONG Greenpeace, apresentou-se
em Haia com a ideia de que a referida reunião era a oportunidade de marcar
um ponto de viragem na nossa História, se para o efeito os governos se
mostrassem «cooperantes para fins de salvaguardar o planeta terra».
Mas ao contrário do que se poderia esperar, dez anos
depois da cimeira do Rio e três após Kyoto, em vez de se comprometerem
com a redução das emissões responsáveis do aquecimento
terrestre, os mais poderosos governos do planeta decidiram, mais uma vez, acantonar
as suas posições, recusando todo o tipo de concessões,
continuando a prevalecer a fonte de discórdia, em particular, entre americanos
e europeus, nomeadamente, quanto à estratégia a utilizar para
atingir o objectivo desejado.
A divergência de opiniões entre americanos e europeus
não contém em si nada de surpreendente; a título de exemplo,
basta ter em conta que os Estados Unidos são um dos maiores poluidores
do planeta e as suas fábricas têm acumulado um atraso considerável
em comparação com as da Europa, que utilizam em média três
a quatro vezes menos energia para produzir o mesmo tipo de bem. Como ironiza
Michael Duquette (2000) é como se o bailarino perguntasse ao urso: «vamos
fazer em conjunto um concurso de dança ?»
Se o panorama já não se mostrava com tendência
positiva no decorrer do passado mês de Novembro, o cenário que
actualmente se apresenta, depois de George W. Bush tomar o controlo da Casa
Branca, prevê que o caminho das negociações seja ainda mais
difícil. O ex-governador do Texas não fez prova de uma consciência
ecológica muito desenvolvida, durante a sua campanha eleitoral para a
presidência. O seu desejo de relançar as actividades de prospecção
petrolífera no território americano não é mais do
que um (significativo) exemplo.
O que caracteriza o actual impasse é o reconhecimento,
de todos os participantes, incluindo as organizações ecológicas,
das dificuldades de encontrar um compromisso para dar satisfação
a todo o tipo de interesses divergentes que estão em jogo. O encontro
de 6 e 7 de Dezembro em Ottawa (Canadá), parece no entanto fornecer algumas
pistas para o relançamemto do diálogo. Se o mesmo se vier a confirmar
podemos dizer que o protocolo de Kyoto não está ainda enterrado.
Mas até quando?
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