Página  >  Edições  >  -  >  Uma torre asiática um arranha-céus sem esperança no mapa mundo das lojas dos 300

Uma torre asiática um arranha-céus sem esperança no mapa mundo das lojas dos 300

Um pobre dos Estados Unidos da América, citado no relatório de 1997 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), diz que a pobreza é nunca ter o suficiente para comer. Mas a pobreza é muito mais do que isso, inclui muitos aspectos que não podem ser medidos, ou que não estão a ser medidos. Nos países em desenvolvimento a pobreza contempla a fome, o analfabetismo, as epidemias, a falta de serviços de saúde, a ausência de água potável. E, no entanto, também há pobres nos países onde a fome é rara, a instrução quase universal, nos sítios onde as epidemias estão controladas, onde há serviços de saúde e onde a água potável é facilmente canalizável.

Por isso um professor da Colômbia dirá que "a pobreza é criminosa porque não permite às pessoas serem pessoas", enquanto uma mãe solteira da Guiana diz que "pobreza é fome, solidão, nenhum lado para ir quando o dia acaba, privação, discriminação, abuso e analfabetismo".

Para outros, como para um morador num bairro pobre das Filipinas que o relatório do PNUD também cita, "pobreza é mãe acocorada, cuja barraca foi deitada abaixo pelo governo por razões que ela não consegue compreender". Quando "riqueza é a manta que usamos, pobreza é ser desapossado dessa manta" ou é a "impossibilidade de vivermos na nossa própria casa", ou ainda "a vida num campo de refugiados e a falta de oportunidades para os filhos".

Pobre é também aquele que não possui terras, gado, equipamento agrícola ou moinhos, como é aquele que não tem possibilidade de enterrar convenientemente os mortos. Pobre é também aquele que não pode enviar os filhos para a escola, que tem mais bocas para alimentar do que mãos para ajudar, ou aquele que tem de por crianças a trabalhar e tem de aceitar trabalhos aviltantes.

A avaliação da pobreza humana deve e tem em conta a percentagem de pessoas que se espera morram antes dos 40 anos de idade, a percentagem de adultos que estão excluidos do mundo da leitura e da comunicação, a percentagem de pessoas com acesso aos serviços de saúde, a percentagem de pessoas que usufruem de água potável e a percentagem de crianças subnutridas menores de cinco anos.

Embora a pobreza não se esgote na diminuição de rendimento, a verdade é que este é também padrão. Até 1993, quase metade dos que sobreviviam com um rendimento inferior a um dólar norte americano por dia viviam na Ásia do Sul. Hoje, e no futuro, é menos provável que esses sobreviventes sejam asiáticos, adultos, ou pequenos agricultores. Hoje, e no futuro, é mais provável que esses sobreviventes sejam africanos ou latino-americanos, crianças ou mulheres ou trabalhadores não qualificados.

Estas são apenas algumas explicações para o desenvolvimento desordenado e imparável das chamadas lojas dos 150, dos 300 ou até dos mil escudos, lojas de conveniência cujos produtos ostentam as marcas de origem do planisfério da pobreza, que es estende por todo o Mundo, cada vez mais dual, em todo o lado.

E afinal que significado tem essa ideia de que os Estados tornaram-se demasiado grandes para as pequenas coisas e demasiado pequenas para as grandes?

NOTA DE RODAPÉ, COM A URGÊNCIA DE UM TEXTO EM MAIÚSCULAS:

DIAS DEPOIS DE SE SABER QUE PORTUGAL MANTINHA O 31 LUGAR NUMA LISTA DE 175 PAÍSES COM ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO APURADO, SOUBE-SE QUE A TAXA PORTUGUESA DE ANALFABETISMO SITUAVA-SE AO NÍVEL DO TERCEIRO MUNDO E NA CAUDA DA EUROPA.


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Autoria:

Redacção

Redacção

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo