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Alguns parágrafos sobre acontecimentos importantes e menos importantes ocorridos no mês de Outubro

De acordo com o discurso previamente distribuído, o senhor ministro da Educação esteve no Parlamento, aquando da discussão do orçamento para 1998, e disse que o próximo ano será o do lançamento de um "audacioso" (sic) projecto de autonomia das escolas. Dias antes, em entrevista ao JN, Marçal Grilo disse que tinha saudades da Fundação Calouste Gulbenkian e que o bolo da Educação vai ultrapassar os mil milhões de contos.

O Ministério da Educação disse, em Outubro, que o actual senhor ministro da Educação é doutorado, declaração que tentou assumir-se como resposta às críticas de Orlando de Carvalho, catedrático da Universidade de Coimbra, que manifestou publico desgosto pelo facto de Marçal Grilo ter usado da palavra na Sala dos Grandes Actos sem ter categoria académica para tal.

O senhor ministro da Educação disse, na já citada entrevista ao JN, que a rota da Educação está no bom caminho e que já cumpriu o compromisso assumido com o engenheiro António Guterres. Dias mais tarde, Orlando de Carvalho, uma das referências intelectuais do país, disse que a Universidade Portuguesa está a ser dominada por uma mediocridade assustadora.

Mas a escola de Marçal Grilo, soube-se em Outubro, é a da disciplina, "dos horários e ao cumprimento dos horários", onde haverá, pelo menos, sucesso manual, como acontecerá no caso dos currículos alternativos que se assumem como "uma substituição de uma parte das matérias, por matérias mais viradas para o concreto, mais viradas para a formação vocacional, mais viradas para a aprendizagem de determinadas manualidades, que podem passar pelos computadores, pela aprendizagem das instalações eléctricas, pela mecânica".

O senhor ministro da Educação terá dito, pelo menos aos deputados, que "a democracia exige uma aposta clara na Educação e na Formação de modo a combater-se a exclusão que resulta da ignorância e a garantir o rigor, a exigência e a igualdade de oportunidades". Tudo isto na intervenção proferida no debate na generalidade do Orçamento de Estado para 1998, o ano da EXPO, 98. Pelo menos isso estava anunciado e constava do discurso previamente distribuido.

Há 30 anos, Ernesto Guevara de La Serna tinha 39 anos. Foi feito prisioneiro na Bolivia, e levado para as instalações de uma escola, em La Higuera, onde seria interrogado antes de assassinado. Foi num Outubro. As autoridades bolivianas da época ofereciam 50 mil pesos de recompensa a quem entregasse, "vivo o muerto al guerrillero Ernesto Che Guevara".

A natureza, um pouco por todo o lado, continuou a marcar o Outubro que passou. Por força do fenómeno El Nino, ou por outras quaisquer, a terra continuou a tremer, como na Itália, onde os desalojados somam já dezenas de milhares, e a chuva e o vento, descontrolados, matam e causam estragos até em Portugal, país protegido pelos deuses. Marcas significativas: uma tromba de água sobre a região algarvia de Monchique, cheias descontroladas em Lisboa e mau tempo generalizado nos Açores.

Afinal o Prémio Nobel da Literartura foi para um dramaturgo italiano, Dario Fo, autor, entre outros, de "morte acidental de um anarquista". O Vaticano não gostou da distinção e o jornal do Papa pôs, preto no branco, numa alusão ao facto de Fo ser essencialmente um actor, que a Academia Sueca distinguia um "bobo", depois de tantos génios. Em Frankfurt, na Alemanha, Portugal foi o centro das atenções da feira dos editores e livreiros.

Na Assembleia da República aprovou-se o mapa das regiões e na Assembleia do Conselho da Europa uma directiva a proibir o uso das técnicas de clonagem para a criação genética de um ser humano semelhante a outro ser humano. Júlio Sebastião, agricultor que integrava a Comissão de Luta Contra as Portagens na Região do Oeste, morre num brutal e raro acidente de trabalho.

O director do Jornal Expresso suspende o cronista João Carreira Bom, alegadamente por este ter manifestado, nas páginas daquele semanário, um opinião crítica face a Pinto Balsemão, fundador e um dos proprietários do próprio Expresso. A estação de televisão SIC, também detida em parte por Pinto Balsemão, estreou, em Outubro, um novo programa, "Os Filhos da Nação", onde se inventam notícías.

O senhor ministro da Educação, prof dr. Marçal Grilo, nomeou o prof. dr. Diogo Freitas do Amaral presidente da comissão que irá avaliar a validade dos graus académicos obtidos no estrangeiro.

JR


  
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Autoria:

João Rita
Jornalista, Porto
João Rita
Jornalista, Porto

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