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Por uma Educação Libertadora

É responsabilidade também do ensino de 1º Grau colocar os alunos em condições de continuarem estudando e aprendendo durante toda a vida

A grande maioria dos Educadores felizmente estão defendendo a idéia de uma Educação Libertadora - o que não significa que os Conteúdos devam ser desprezados, mas trabalhados de forma a promover essa 'Educação Libertadora' (Regis de Moraes, 1986, EPU), e que se preocupe com a formação geral do indivíduo, tendo clara a definição do cidadão que esta escola deseja formar.
Por Educação Libertadora, entendemos uma educação que desenvolva no aluno o compromisso consigo mesmo e com o social.
Há que se tomar cuidado no entanto, para que não haja equívocos, pois muitos entendem por educação libertadora uma educação que desobriga de tudo. O educador deve despertar no educando um diálogo interior e constante entre o precioso bem da liberdade e o da disciplina, que os educandos exercitem desde cedo a escolha dos seus caminhos, e que despertem para o exercício da cidadania.
Nesse sentido, Constance Kamii, 1995, Ed.Papirus, ressalta a importância do desenvolvimento da Autonomia como Finalidade da Educação. É nas 1as. Séries do 1º Grau, ou até antes, na fase pré-escolar, conforme um dos livros mais importantes de Piaget, 'O Julgamento Moral da Criança, 1932' que a Autonomia Moral e Intelectual deve ser trabalhada pelo professor.
'Autonomia significa ser governado por si próprio. É o contrário de heteronomia, que significa ser governado por outrem' (Kamii, 1995). Kamii também adverte para o fato de os professores incentivarem seus alunos a recitarem respostas certas, sem contudo levarem-nos ao raciocínio e os questionarem sobre o que pensam sinceramente.
'É responsabilidade também do ensino de 1º Grau colocar os alunos em condições de continuarem estudando e aprendendo durante toda a vida e inculcar valores e convicções democráticas, tais como: respeito pelos companheiros, solidariedade, capacidade de participação em atividades coletivas, crença nas possibilidades de transformação da sociedade' - J.C.Libâneo, Didática,p.24.
Toda essa preocupação deve envolver todo o corpo docente: não só os professores, como também os Coordenadores Pedagógicos, Orientadores Educacionais e Diretores. Afinal, se um dos objetivos da Escola for combater o individualismo dos alunos, isso deve dar o exemplo de um trabalho em conjunto. Trata-se na verdade de uma verdadeira mobilização para a Transformação da Sociedade.
Em tempos de globalização, Internet, etc., é necessário que a Escola forme cidadãos que interajam consigo mesmo, com o outro e com o mundo, de forma harmoniosa e, acima de tudo, com respeito.
A Educação de 1º grau, como estava sendo desenvolvida até hoje, tem preocupado os grandes educadores da atualidade, especialmente por notarem que o ensino de 1º grau não tem se preocupado o suficiente com a formação global do indivíduo, e muito menos com o desenvolvimento moral e/ou intelectual do mesmo. Se não houver essa preocupação, fica pouco provável poder esperar, para o futuro, uma nova sociedade, com indivíduos críticos, autônomos e livres.
Nesse sentido, o Professor que faz a opção pela Educação Libertadora coloca-se perante os alunos como um Orientador, que estimula e direciona seus alunos para que estes vivenciem o processo natural de desenvolvimento, dentro de um ambiente motivador - no que são apoiados por Ernesto Rosa Neto, Ática, 1991.
Nessa interação entre aluno e professor, há o desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos, sem a imposição de conceitos sem sentido. O raciocínio lógico irá direcionar o Senso Crítico e Autonomia Moral/Intelectual por toda a vida do educando.
Para que a Escola de 1º Grau seja dessa forma coerente com a atualidade, é fundamental que trate todas as disciplinas de forma a relacioná-las com o cotidiano dos alunos, com as novas exigências do mercado, e especialmente com a formação do novo cidadão, o qual será o grande executor da 'Transformação da Sociedade'.

Salientamos então, a importância de um ambiente escolar favorável, onde haja compreensão da realidade e onde se possa pensar em novas possibilidades, como novas concepções de conhecimento, de ciência e de verdade, preocupação com a solidariedade e com a construção de uma real democracia.

Giselle Castro Fernandes


  
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Edição:

N.º 67
Ano 7, Abril 1998

Autoria:

Giselle Castro Fernandes
Centro Universitário Nª Srª do Patrocínio, Brasil
Giselle Castro Fernandes
Centro Universitário Nª Srª do Patrocínio, Brasil

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