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Tempo de aulas no Mundo

(estudo comparado em dias/ano)

Os estudos internacionais comparados sobre o número de dias e de horas passados nas aulas revelam que, se bem que exista uma grande variedade de situações, muitos dos países em vias de desenvolvimento consagram mais tempo à educação do que as nações desenvolvidas.
Aliás, as dificuldades dos países em desenvolvimento são muito complexas e não se trata tanto de aumentar formalmente a quantidade de tempo consagrado ao ensino, mas usar o tempo disponível de uma maneira mais eficaz.
A utilização mais eficiente do tempo que os alunos dos países em vias de desenvolvimento passam na escola depende de vários factores, dos quais três podem distinguir-se dos outros:
1. Melhorar as condições de trabalho dos docentes para evitar o nível elevado de absentismo que se constata, nas escolas rurais e das periferias urbanas.
2. Recorrer a métodos pedagógicos susceptíveis de aumentar a duração do tempo que alunos e professores, à vez, consagram na aprendizagem individualizada.
3. Alterar os métodos de gestão de modo a permitir reduzir o tempo que os docentes consagram às tarefas administrativas, sem relação com os processos de aprendizagem.

Duração na primária

Tendo em conta a informação enviada à OIE pelos 184 sistemas educativos dos países membros da UNESCO.html">UNESCO.html">UNESCO, a duração deste ciclo varia entre um mínimo de três anos (em apenas dois países: Arménia e Kirghuizistan) e um máximo de 10 (na Jordânia e Islândia).
A maioria dos países situam-se na metade do caminho entre estes dois extremos, para uma duração de 5 a 7 anos (126 países); no entanto o modelo de 6 anos é o mais frequentemente praticado em todas as regiões geográficas (83 nações), à excepção dos países da Europa Central e da ex-URSS, onde o modelo de 4 anos é o mais usual (14 sobre 27 países considerados).
O ensino primário compreende menos de 5 anos em 22 países, enquanto que a duração destes estudos é de mais de 7 anos em 36 países, neste último caso, em geral, compreende a primeira parte do ciclo secundário e esses níveis combinados tendem a ser considerados como parte do 'ciclo de educação básica' ou 'ensino obrigatório'.

Horas por semana

Se bem que o número de horas por semana consagradas ao ensino na primária (escola pública) arrasta uma média de 24,8, existem diferenças importantes entre as diversas regiões geográficas: desde um mínimo de 20,8 na Europa Central e nos países da ex-URSS, até um máximo de 26,3 na África Subsahariana.
Mesmo assim, há diferenças entre países da mesma região: na África Subsahariana, por exemplo, varia entre um mínimo de 16 horas por semana na República Unida da Tanzânia e um máximo de 30 horas em Burkina Faso, na Guiné e na Mauritânia.
Em determinados sistemas de ensino a duração de horas de aulas varia também com a classe em questão, com uma tendência da duração real em minutos e a quantidade de horas de ensino a aumentar, progressivamente, em relação a cada classe superior.
Os dados consignados nesta informação relacionam-se com o tempo estipulado nos regulamentos oficiais, e pode ter diferenças consideráveis entre os regulamentos e a aplicação real na aula.
É, evidentemente, difícil comparar, por exemplo, o tempo total consagrado ao ensino primário na Alemanha (2.575 horas sobre quatro anos), com o tempo destinado em Portugal (8.138 horas sobre nove anos). (1)
Vale a pena clarificar que, à escala mundial, o ano escolar oficial para os anos 1 a 6 da primária regista em média 880 horas de ensino ou 180 dias (Banco Mundial, Primary Education, Washington DC, 1990).
O número de horas anuais de ensino vai de 544 a 1.200, com uma média global de 866 horas de ensino no decurso de um ano 'típico' de ensino elementar.
Curiosamente, a diferença média em horas anuais de ensino entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos é muito diminuta (865,7 horas contra 868,3). Esta relação pode estar influenciada pelo número limitado de países desenvolvidos - nove no total - de que se têm dados precisos.
Os países da região EMENA (Europa do Sul, Médio Oriente e África do Norte) têm em média os períodos escolares mais longos (mais de 900 horas anuais de ensino), seguidos pelos países asiáticos, com 876 horas e os países das regiões da África Subsahariana e da América Latina e Caraíbas, que tendem a ter os anos mais curtos em termos de horas de ensino (847 e 839, respectivamente).

Tempo por disciplina

Em média, durante o primeiro ano da primária, entre 50 e 60 por cento do tempo disponível destina-se ao ensino da Língua, da Leitura, da Escrita e da Matemática; enquanto que depois do quarto ano, estas áreas ocupam em média 45 e 50 por cento do tempo lectivo.
A duração média total concedida ao ensino do primeiro ao quarto ano da primária é de 3.069 horas e tende a ser mais importante nos países em desenvolvimento com 3.166 horas, do que nos países desenvolvidos (2.950 horas).
O primeiro ano da primária manifesta em média, 814 horas de ensino que oscilam entre um mínimo de 504 horas (Macedónia) e um máximo de 1.200 horas (Filipinas).
Nos países em desenvolvimento, o número médio de horas de aulas no primeiro ano da primária é mais elevado que nos países desenvolvidos (aproximadamente 766 e 698, respectivamente). Esta diferença persiste mas em menor escala, no quarto ano: 831 e 793 horas, respectivamente.
No Chipre, os alunos dispõem (em teoria) de 5.247 horas de ensino, enquanto que no Uruguai, o mesmo número de anos escolares - seis em média numa grande quantidade de sistemas - não lhes garantem mais que 3.780 horas, ou seja, quase 30 por cento menos.
Em termos regionais é nos países da Ásia que encontramos o número médio mais elevado de horas de aulas (3.444), na África Subsahariana a média (3.275 horas) é mais elevada às vezes que a média mundial (3.069) e a média para os países desenvolvidos (3.166 horas).
As diferenças são menos chocantes quando consideramos a América Latina e as Caraíbas (3.070 horas em média), em relação ao Médio Oriente e África do Norte (3.037). No outro extremo da escala situam-se a Europa Central e Oriental, com uma média de 2.337 horas.

Notas de rodapé:
(1)A Redacção de 'a Página' chamou a atenção dos autores
para a confusão, no que diz respeito a Portugal,
entre escolaridade obrigatória (9 anos) e Primária, ou 1º ciclo,
que é entre nós de quatro anos.
Todos estes dados serão postos à disposição da comunidade internacional
na próxima edição de 'Dados mundiais sobre a educação',
a ser publicado em CD-Rom pela OIE/UNESCO.html">UNESCO.html">UNESCO
e estarão igualmente disponíveis na Internet (http://www.unicc.org/ibe).


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 66
Ano 7, Março 1998

Autoria:

UNESCO

UNESCO

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