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Divulgado o primeiro vídeo do interrogatório de um preso de Guantánamo

A primeira gravação de vídeo do interrogatório de um prisioneiro de Guantánamo foi divulgada no dia 15 de Julho mostrando um adolescente frágil, o canadense Omar Khadr, chorando copiosamente e perdendo a razão diante de agentes da polícia de segurança do Canadá.
O vídeo foi divulgado pelos advogados de Khadr, que é visto a ser interrogado por agentes do Serviço de Inteligência de Segurança do seu país em Fevereiro de 2003 na base naval norte-americana de Guantánamo em Cuba.
O vídeo tem a duração de sete horas e cinquenta minutos, sintetizando um interrogatório de três dias. Khadr era um adolescente de 16 anos de idade no momento da sua captura em 2002 no Afeganistão por suspeitas de terrorismo.
Inicialmente, foram apresentados 10 minutos do vídeo e os advogados de Khadr anunciaram que no dia 15 de Julho seria divulgada uma versão completa do vídeo, respeitando ordens do tribunal.
Nas imagens, que parecem ter sido captadas a partir de uma conduta de ventilação, são feitas perguntas a Khadr sobre o que sabe a respeito da Al-Qaeda e sobre a sua fé muçulmana. Às vezes chora e puxa os cabelos desesperadamente, informou o jornal «Globe and Mail» numa sua edição on-line.
Também mostra os seus ferimentos em consequência dos interrogadores. Um dos agentes, respondendo a uma pergunta, diz que o prisioneiro está a receber um bom tratamento médico e que deve acabar por cooperar. Num determinado momento, um dos agentes tenta acalmar Khadr, que está visivelmente transtornado, dizendo ao preso que entende que "isto é stressante".
Quando Khadr se queixa de que os seus compatriotas não o ajudaram no caso, um agente responde: "Não podemos fazer nada por ti".
"Quero ficar em Cuba contigo. Pode ajudar-me?, pergunta um dos homens da inteligência referindo-se às condições favoráveis do clima na ilha, que contrastam com o duro inverno canadiano, noutra passagem do vídeo divulgado terça-feira dia 15 de Julho.
O vídeo de dez minutos não revela se o prezo sofreu agressões ou outros abusos físicos na prisão.
Khadr permanece na prisão de Guantánamo, por ter sido acusado de matar um soldado dos Estados Unidos durante um combate no Afeganistão.
A divulgação do vídeo ocorreu depois de documentos do governo mostrarem que Khadr, entre outras coisas, foi privado de sono antes de ser interrogado para que admitisse os seus crimes mais facilmente, informou a imprensa canadiana. Khadr era levado para uma cela diferente de três em três horas para que perdesse a noção do espaço e do tempo e ficasse mais vulnerável e a confessar uma táctica que as autoridades norte-americanas descreveram como "programa do viajante frequente".
A defesa e juristas internacionais insistiram várias vezes para que Omar Khadr fosse tratado como uma criança-soldado. Organizações de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional, pediram em vão para que o primeiro-ministro canadiano exigisse aos Estados Unidos a extradição de Khadr, uma rejeição que, segundo a imprensa canadiana, agora será mais difícil de ser justificada.

AFP


  
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Edição:

N.º 181
Ano 17, Agosto/Setembro 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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