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Alunos de uma escola em São Francisco cultivam marijuana apesar da lei federal

Os estudantes de uma escola particular de Oakland, perto de São Francisco, estão a aprender a plantar e a cuidar da «Cannabis Sativa» - a famosa marijuana - para utilização com fins terapêuticos, num Estado aberto a esse tipo de prática.
O objectivo da Oaksterdam University, ? como a apelidaram os alunos, em referência à abordagem liberal da cidade de Amesterdão em relação a essa droga ? é educar as pessoas para os benefícios da cannabis.
Na Califórnia, como em 11 outros Estados americanos, a lei autoriza a utilização da cannabis para fins terapêuticos, mas a legislação federal proíbe a posse de qualquer quantidade do produto.
A escola de Oakland, que retomou um modelo existente em Amesterdão, abriu em Novembro e recentemente começou a dar cursos em Los Angeles.
Até agora, 200 estudantes já receberam o diploma e mais de 500 pessoas inscreveram-se. Os temas estudados vão da história da cannabis às políticas sobre o produto e horticultura. Os cursos incluem também jogos para saber como comportar-se se for parado pela policia e os métodos para ter cuidado na preparação do produto, assim como sobre a melhor forma de secar as folhas e de reduzir o odor libertado.
Christie, de 56 anos, que trabalha para sites como freelancer, prefere não revelar o seu sobrenome, mas explica ter vindo à escola para conhecer as leis que rodeiam a cannabis, sujeitas a evoluções regulares.
No ano passado, por exemplo, a Agência Federal contra as drogas (DEA) enviou cartas a clínicas permissivas pedindo que fechem as suas portas para não serem multadas.
"Uma intervenção federal provoca apreensão e por isso queria realmente compreender todos os aspectos legais da questão", diz Christie.
Ela conta que, sofrendo de depressão, tomou Prozac durante anos, mas tinha sérios problemas com os efeitos secundários. Os seus filhos, então, propuseram que usasse a marijuana e disse que a escolha foi correcta. "Sinto-me mais feliz e posso finalmente dormir melhor", afirma, assinalando que já não toma antidepressivos.
Os dirigentes da 'Oaksterdam' apontam os efeitos contra dores por pessoas que sofrem principalmente de cancro, esclerose e SIDA.
Citam também que a legalização da droga para fins medicinais permitiu o aumento dos rendimentos do Estado através dos impostos.
O governo gasta somas astronómicas para aplicar as leis antidrogas e colocar as pessoas na prisão", lamenta Danielle Schumacher, dirigente da escola de Oakland. "Quando a DEA faz batidas nas clínicas e apreende bens, está a apropriar-se na verdade do dinheiro do Estado de Califórnia", acrescenta.
Obviamente, a criação desta escola especial não foi bem vista pelo DEA, que a considera uma forma de enviar uma má mensagem e que incentiva a criminalidade.
"Isso reforça uma atitude muito complacente por parte do público de que a cannabis é certa e eficaz, e isso não é verdade", afirma Michael Chapman, um agente do DEA.
Danielle Schumacher espera que o uso médico da droga seja ainda mais ampliado.
"Os nossos alunos utilizam os seus diplomas para fazer lobbying em diversos níveis do governo", seja na Califórnia, em Washington ou em outros lugares, resume.

AFP


  
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Edição:

N.º 180
Ano 17, Julho 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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