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Aprendizagem colaborativa e Wikis

"Finalmente, professora! Aquilo que fazemos na escola tem visibilidade! Pela primeira vez sinto que o nosso trabalho é visto e lido por outros, para além dos muros da escola". O aluno dizia estas frases com convicção e orgulhoso do que ele e os colegas tinham produzido em conjunto. Sorri-lhe e perguntei-lhe qual a razão daquele entusiasmo. Respondeu-me: "A professora já viu a quantidade de visitas diárias que o nosso wiki tem e quais os países que acedem "Assim sim, vale a pena trabalharmos. E não é só o fulano e o sicrano a trabalharem, repare que fomos todos."
No início do ano lectivo propus a estes alunos do ensino profissional, do 10º ano de escolaridade, a utilização da plataforma Moodle, como repositório quer dos textos de apoio para a disciplina quer dos trabalhos realizados pelos alunos. O facto da disciplina estar restringida apenas aos alunos inscritos na disciplina e a uma palavra-chave de acesso, acabou por projectar apenas "para dentro de muros" o seu empenhamento e envolvimento, nas actividades realizadas.
Quando, em finais do 1º período, lhes propus a utilização de um wiki (http://10ts.wikispaces.com), explicando sucintamente o que era, para o que servia e como se utilizava, notei nas suas caras um pouco de apreensão, por ser uma ferramenta nova, mas ao mesmo tempo, de desafio perante a novidade.
Depois de uma primeira aula em que exploraram a ferramenta, em pouco tempo já a dominavam, não encontrando qualquer dificuldade na sua utilização, até porque estavam habituados a utilizar o processamento de texto e a inserir imagens e vídeos, como frequentadores e utilizadores diários do Hi5 e de outras ferramentas Web 2.0.
A visibilidade do trabalho para o exterior, a que se referia o aluno, foi uma motivação para fazer mais e melhor. Quando se aperceberam que a língua portuguesa poderia ser de certa forma limitadora dessas fronteiras, sugeriram e executaram a tradução de algumas páginas para inglês e espanhol (disciplinas que fazem parte do curso).
E, se por um lado, os alunos demonstraram ser tecnologicamente competentes, por outro, quase sem se aperceberem desenvolveram outras capacidades nomeadamente a capacidade de trabalhar em equipa, de uma forma colaborativa.
Como escreveu Stephen Downes "in 'collaboration' you work together on one thing, in 'cooperation' you work individually on two complementary things". Na verdade, a forma como organizaram a informação, a forma como partilharam o conhecimento, a forma como cooperaram entre si e colaboraram uns com os outros, tornou-os mais conscientes do seu processo de aprendizagem e, portanto, mais activos na construção dos seus saberes.

Adelina Silva


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 178
Ano 17, Maio 2008

Autoria:

Adelina Silva
Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais - Laboratório de Antropologia Visual. Universidade Aberta
Adelina Silva
Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais - Laboratório de Antropologia Visual. Universidade Aberta

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