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Da convivência à subserviência

Senhor Director

A falta de perspectiva estratégica evidenciada por muitos daqueles que ocupam lugares de decisão na administração pública, nomeadamente nos níveis regional e local, acompanhada, habitualmente, de inabilidade e ignorância políticas, implica o desconhecimento do interesse nacional e acarreta a este, frequentemente, prejuízos de monta.
Infelizmente, na ausência de um pensamento político-estratégico elaborado, conhecido e respeitado por tais decisores, multiplicam-se os casos em que se enfraquece, quando não se abandona, a defesa do bem comum dos portugueses.
É já banal o modo como os meios políticos da Estremadura espanhola têm conseguido encantar e cativar alguns autarcas e outros responsáveis políticos do Alentejo raiano, os quais, aliciados com o novo «Eldorado» da «cooperação transfronteiriça» aceitam - com aparente prazer - colaborar na erecção de uma «Grã-Estremadura», cujo «epicentro» se situa em Badajoz, como reclama impante a imprensa espanhola, e na qual talvez almejem ocupar o mesquinho posto de agentes, cantineiros ou capatazes. É sintomática a ora realizada «reunión de alcaldes rayanos» em que, felizes e pressurosos, alguns presidentes de municípios norte-alentejanos acorreram à chamada do «Alcalde de Badajoz», «Don» Miguel Celdrán, e prometeram repetir a dose de três em três meses...
Não está em causa, naturalmente, a conveniência e a necessidade de serem desenvolvidas relações económicas e culturais entre regiões e espaços distintos mas vizinhos, nem sequer o incremento de um descomprometido diálogo político entre duas realidades adjacentes, de onde podem resultar ganhos e benefícios para todos.
Mas já haverá de ser visto com reserva um projecto voluntarista que, privilegiando certamente Badajoz e a «Grã-Estremadura», se apresenta, na sua ambiguidade, de ganhos duvidosos para as terras alentejanas.
Tudo isto, claro, ainda no pressuposto de que os referidos decisores não estarão, imaginando «Don Miguel Celdrán» como um novo Godoy, conquistados para a ideia de fazerem do Alentejo uma grande Olivença.


  
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Edição:

N.º 169
Ano 16, Julho 2007

Autoria:

António Marques

António Marques

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