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Conteúdo digital e vídeo substituirão o jornalismo impresso no futuro
Ler um jornal em papel poderá dentro de alguns anos ser um hábito do passado, à medida que a tecnologia digital e o vídeo vão substituindo os tradicionais meios impressos. Estudos recentes indicam, por exemplo, que o número de leitores de jornais nos Estados Unidos tem vindo a diminuir na proporção inversa do crescente número de utilizadores do ciberespaço. Um relatório do centro de pesquisas Pew, com sede em Washington, revela que 43 por cento dos americanos utiliza a internet para se informar, enquanto que apenas 17 por cento tem como principal fonte um jornal impresso de âmbito nacional.
"Sabemos que as redes digitais de banda larga serão cada vez mais comuns" afirma Andrew Nachison, presidente da Ifocos, uma empresa especializada na análise do mercado mediático, "permitindo o acesso generalizado a podcasts (transmissões via internet), mensagens de vídeo, assim como 'blogs', livros e sites na internet através de serviços de vídeo sem fio. Nachison acrescenta ainda que "estamos a entrar numa era na qual o vídeo estará em todos os lugares" e que "fazer um vídeo será uma coisa normal, tal como é agora escrever um e-mail". Assim, explica, "em vez de recebermos mensagens de texto nos nossos telefones, receberemos mensagens em pequenos vídeos".
Amy Eisman, directora da escola de comunicação da American University de Washington, afirma que os leitores do futuro receberão as notícias na palma da mão através de aparelhos portáteis e que a informação se baseará mais no audiovisual do que no simples texto, acrescentando que "as mudanças tecnológicas permitirão que a informação convirja para um único aparelho".
Segundo esta especialista, os vídeos serão o meio dominante em termos informativos e estarão disponíveis tanto na internet como nos telefones portáteis. "Um telefone, uma câmara de vídeo, um aparelho GPS são o tipo de tecnologias que vemos hoje. É difícil saber o que teremos daqui a 10 anos", enfatizou.
Na última conferência "Nós, Imprensa", organizada pela Ifocos e na qual se debateu o actual panorama dos meios de comunicação social, alguns especialistas previram que os consumidores do futuro terão acesso a um aparelho flexível, fino e leve que poderá ser usado como um jornal, com a diferença de o formato ser digital.
"A impressão de jornais corre o sério risco de desaparecer a médio prazo", refere Tom Rosenstiel, director do Projecto para a Excelência no Jornalismo, que publica anualmente um relatório sobre a situação da imprensa nos Estados Unidos. "Nada garante que os jornais ainda serão impressos daqui a 10 ou 15 anos", diz, referindo como exemplo o facto de, em 2006, as redacções americanas terem suprimido cerca de 18 mil postos de trabalho, 88 por cento mais do que em 2005.
Em termos económicos espera-se uma mudança drástica no mercado de publicidade, já que os anúncios na internet não são tão lucrativos como os impressos. "Os ganhos de publicidade numa página web representam cerca de 30 por cento do equivalente num jornal", diz Rosenstiel. Desta forma, explica, "os lucros irão diminuir e o financiamento do jornalismo será mais difícil".

  
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Edição:

N.º 167
Ano 16, Maio 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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