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Sugestão explicaria o mau desempenho de algumas mulheres em matemática

Uma nova pesquisa realizada em Vancouver, no Canadá, mostra que quando as mulheres acreditam que são geneticamente ruins em matemática, a crença torna-se um presságio.
Quando o assunto é matemática, a divisão entre as habilidades femininas e masculinas tem de ser atribuída mais à desinformação do que à herança genética, revelou uma nova pesquisa realizada nesta cidade do oeste do Canadá.
Um artigo publicado na revista Science mostrou que as mulheres expostas a teorias segundo as quais os indivíduos do sexo feminino são geneticamente fracos em matemática de facto têm um desempenho em testes da matéria pior do que aquelas que não são influenciadas por tais crenças.
A diferença entre os cérebros masculinos e femininos é um novo e polémico tema de pesquisa científica.
A sua controvérsia é tal que, no início do ano, Lawrence Summers renunciou ao cargo de presidente da prestigiada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, no meio a uma onda de críticas depois de ele ter sugerido que as mulheres têm menos habilidade intrínseca em matemática e ciências do que os homens.
Os psicólogos Steven Heine e Ilan Dar-Nimrod, autores do artigo da Science, estudaram o desempenho de 220 estudantes mulheres em testes de matemática depois de lerem falsos relatórios científicos - todos totalmente inventados pelos investigadores - com alegações de que os homens são melhores em matemática.
Um dos falsos relatórios alegava a descoberta de que o cromossoma Y, que só os homens têm, dá aos indivíduos do sexo masculino uma vantagem de 5 por cento sobre as mulheres em matemática.
Outro dizia que esta vantagem se devia a que os professores de matemática estereotipavam os meninos e meninas nas salas de aula.
Heine explicou que o estudo demonstrou claramente que as mulheres que leram o falso relatório tiveram um desempenho muito pior no teste de matemática.
A pesquisa, afirmou, mostra que as pessoas acreditam que podem superar os estereótipos e insistir. Mas se elas culparem a sua herança genética e acreditarem que têm uma falta inata de habilidade, então desistem.
"As pessoas pensam que os genes são a essência do que somos", disse Heine, que juntamente com Dar-Nimrod lecciona na Universidade da Columbia Britânica, em Vancouver.
Frequentemente, disse Heine, as pesquisas sobre como os genes afectam o género, a obesidade e a homossexualidade são "grosseiramente simplificada" na imprensa.
"Os artigos sozinhos têm o potencial de minar as motivações das pessoas. Se eu acredito que os genes têm uma influência determinante no meu peso, ainda vou lutar para manter a minha rotina de dieta e exercícios?", exemplificou.
"As pesquisas genéticas são uma indústria florescente e todas semanas [cientistas] identificam um novo gene", acrescentou. Mas os genes trabalham de uma forma tão complicada que os cientistas ainda os não compreendem, alertou, e "nem todas as teorias científicas são criadas apropriadamente".


  
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Edição:

N.º 161
Ano 15, Novembro 2006

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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