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Um grupo de estudantes suíços experimenta uniforme

As despesas exageradas dos adolescentes com a sua ?toilette? e a desconcentração nas aulas, daí derivadas, poderão ser solucionadas através da obrigação de trocar a roupa da moda por um uniforme? Para responder a esta questão, cerca de quarenta estudantes suíços vão usar, durante seis meses, uma ?roupa escolar?, descontraída e criada especialmente para eles por uma estilista.
Foram constituídos na escola Leonhard de Bale [2.000 alunos no total] dois grupos de alunos. Quarenta alunos, com idades entre os 14 e 15 anos vestirão uniforme, e um ?grupo teste? equivalente continuará a vestir-se à sua maneira. Esta experiência original tem como objectivo encontrar um meio de limitar as despesas com o vestuário dos alunos, causa de discriminação social e de endividamento das famílias mais modestas.
«Certos adolescentes vestem uma indumentária que chega a custar 1.000 francos suíços [o equivalente a 630 euros]. Para as famílias ricas isto não constitui um problema. Para as famílias pobres é uma dificuldade e pode levá-las a fazer despesas incomportáveis para o seu orçamento», explica à AFP, o professor Alexander Grob da Universidade de Bâle, encarregado da avaliação psicológica desta experiência.
«Para alguns alunos é uma ?seca? usar um uniforme. Outros confidenciaram que passam muito tempo de manhã a escolher as suas roupas, e gostam desta solução», assegura Bettina Strahl, professora e directora de uma  turma escolhida para a experiência.
«Todos aceitaram com mais ou menos entusiasmo, participar na experiência: a unanimidade da turma era essencial, pois não podemos obrigar um aluno a utilizar uma roupa ?standard?: arriscando-nos a tocar a integridade da pessoa?, diz-nos a professora.
É verdade que de início alguns têm um pouco de medo de ser alvo de troça por parte dos outros alunos ou de não poder continuar a vestir ?cool? [fixe] e ao seu próprio gosto», reconhece a professora; «mas rapidamente consideraram a experiência interessante...» possivelmente por terem tomado consciência de que imensas famílias se endividam para conseguirem oferecer aos seus filhos roupas na moda».
A ?indumentária? foi elaborada com base em entrevistas com os jovens. ?Todos queriam jeans, t-shirts e sweat - t-shirts,  fiz roupas muito práticas, próximas do que podemos ver nas ruas?,  declarou a estilista Tanja Klein.
«No primeiro dia de escola com uniforme, os alunos estavam muito entusiasmados...também é verdade que eram o centro das atenções dos média suíços, que cobriram fortemente o evento?, observa o professor Grob, Este professor pessoalmente acha o uniforme, um pouco desportivo demais, e não suficientemente clássico, sem querer claro com isto exigir, um ?blaser? ou uma gravata.? A verdade é que vai ao encontro do gosto dos adolescentes? ? reconhece o professor universitário que dirige este rigoroso estudo. Na experiência participam os alunos, os amigos por eles escolhidos e também os pais dos alunos, que deverão responder a três questionários com cerca de 200 perguntas.
Fazem parte do questionário questões como: despesas em indumentária, avaliação do clima social na escola e na aula, a influência sobre o humor, o bem-estar ou os ?comportamentos desviantes? [consumo de tabaco, álcool, estupefacientes] ou ainda as reacções à indumentária e à moda.
«A partir de outros estudos, nomeadamente os realizados na Alemanha, verifica-se que os resultados a curto prazo não são significativos, mas que a médio prazo, após um a dois anos, estes efeitos tornam-se verdadeiramente fortes», sublinha o professor Grob, que gostaria de poder prolongar esta experiência para além dos seis meses previstos.
Para este investigador universitário, estão, entre os efeitos positivos esperados, ?um aumento importante e interessante da atenção em relação aos estudos, o melhoramento do clima social na escola, a diminuição das desigualdades sociais na escola e um reforço dos sentimentos de solidariedade e de confiança entre alunos?.


  
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Edição:

N.º 161
Ano 15, Novembro 2006

Autoria:

José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.
AFP
Agence France-Presse
José Paulo Serralheiro
Professor e Jornalista. Director do Jornal a Página da Educação.
AFP
Agence France-Presse

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