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Comunicação e inclusão

Ouvimos e lemos hoje, no nosso país, a palavra inclusão com empenho político, e a menção de programas para a protecção dos direitos de cidadania das pessoas com necessidades especiais e respectiva inclusão aos mais diversos níveis. Começa a existir um potencial humano para incomodar e revolucionar os processos de inclusão, tendo em conta o garantido na última campanha para as legislativas, o «Roteiro para a Inclusão», que não exclui ninguém, nem oposições, sindicatos, Executivo, os que sofrem a exclusão e a própria sociedade que relembram o poder estabelecido do que prometera. A comunicação para todos e com todos, como fenómeno psicossociológico, móbil e edificação do progresso na mais ampla diversidade do engrandecimento humano, passa ao lado das necessidades comunicativas de quase um milhão de cidadãos excluídos, uns pelos rótulos sociais, outros pelas disfunções, outros «mimados» pelos efeitos da própria exclusão. Faltam estratégias e objectivos para eliminar desvantagens comunicacionais sobretudo das pessoas com «desafios» sensoriais e cognitivos que as excluem. Ninguém pode viver em incomunicação sob pena de se tornar num inepto e vegetante ser. Professores do ensino pré-escolar, básico e secundário, investigadores e técnicos, que lidam com aquelas desvantagens, reclamam formação alicerçada na investigação, desenvolvimento e aplicação das teorias, metodologias e práticas que alimentam: os estudos comunicacionais especiais, o desenvolvimento cognitivo e as estratégias para a sensibilização e preparação da sociedade para comunicar com todos os cidadãos; os estudos de gestão funcional e operacional para a inclusão dos diferentes graus de dificuldade comunicacional, melhorando o desempenho global nos planos educacional e profissional das escolas regulares e especiais e das instituições, organizações e empresas, públicas e privadas, orientadas para o mercado, serviço público ou da solidariedade social.
Uma mais-valia científica, técnica, cultural e de sensibilização pública que implica: estudar as complexas problemáticas comunicacionais de pessoas que evidenciam dificuldades ou sobredotação nesses domínios, estruturando estratégias de formação no âmbito da comunicação aumentativa e alternativa e das tecnologias de apoio, privilegiando a língua gestual e escritas alternativas na palma da mão, a comunicação pictográfica, o Braille aplicado à língua portuguesa e às diferentes grafias científicas e  aplicação da língua gestual aos diversos ramos do saber; acessibilizar a informação, bases digitais e redes multimédia, design web nacional, conteúdos digitais, a quem não pode falar, escrever ou ler.
Pelos últimos censos de 2001, somos uma população residente de 10356117, incluindo 636059 portadores de deficiência, nas seguintes tipologias: visual 163569, motora 156246, auditiva 84172, mental 70994, paralisia cerebral 15009 e outras 146069.
Na política nacional de inclusão, gritam prementes necessidades comunicacionais destes cidadãos. Reivindica a dignidade humana o alargamento da comunicação a todos eles, numa natural política de mudança e de inclusão, na cultura da partilha e da parceria.
Assume relevo científico-pedagógico e promocional de mudança o Mestrado em Comunicação Alternativa e Tecnologias de Apoio (Portaria 324/2006, de 5 de Abril, www.ulusofona.pt), que funcionará em horário pós-laboral a partir de Outubro no Departamento de Ciências da Comunicação, Artes e Tecnologias da Informação da ULHT.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 160
Ano 15, Outubro 2006

Autoria:

Deodato Guerreiro
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa
Deodato Guerreiro
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa

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