O ministro francês da Educação, Gilles de Robien, afirmou recentemente a intenção de colocar polícia no interior das escolas como forma de prevenir a violência contra os professores. O ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, declarou-se favorável a esta proposta. A ideia não é nova, mas ganhou força depois de Karen Montet-Toutain, professora de artes plásticas, ter sido esfaqueada por um aluno de 18 anos em Etampes, um subúrbio do sul de Paris. O marido da professora denunciou o silêncio da tutela face aos apelos da jovem de 27 anos, que já havia informado os superiores hierárquicos sobre as ameaças "de violação e de morte" que vinha recebendo, e revelou que estão a pensar em apresentar uma queixa por não assistência à pessoa em perigo, o que seria um caso sem precedentes na França. A agressão ocorreu um mês depois dos mais graves distúrbios urbanos que tiveram lugar em França em quase 40 anos. A oposição de esquerda, os partidos do centro e diversos sindicatos acusaram o governo de privilegiar a repressão em detrimento da prevenção. A FSU, uma federação sindical do sector educativo, considerou que as propostas do governo ?não estão à altura das dificuldades que enfrentam os professores" e o principal sindicato de directores de estabelecimentos de ensino considerou-a "uma medida errada". Já o líder do Partido Socialista (PS), François Hollande, criticou o facto de o actual governo ter suprimido os empregos para jovens, reduzido o número de enfermeiras, de psicólogos e de médicos, e de os professores mais jovens terem sido colocados frente aos estudantes mais problemáticos. O Partido Comunista Francês rejeitou também a medida, sublinhando que ?a escola precisa de meios, não de repressão?, opinião partilhada por François Bayrou, presidente da União para a Democracia Francesa (UDF, centro), a quem a ideia parece ?absurda?. Apesar da onda de críticas, o ministro da Educação afirmou a sua determinação em concretizar o projecto. "Sempre que tomamos iniciativas neste âmbito somos criticados, mas é exactamente isto que faremos", declarou Gilles de Robien.
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