Página  >  Edições  >  N.º 146  >  Professor formação, docência e qualidade ? II

Professor formação, docência e qualidade ? II

A primeira parte deste texto foi publicada no número de Maio na página 46 e pode também ser  lida no endereço:  http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=3895.

3.2 ? Formação contínua

Para Patrício (1992) a formação contínua é um complemento e actualização da formação inicial, numa perspectiva de formação permanente, fazendo tónica em que o professor é um homem de cultura.
Na cultura deverão integrar-se todas as formas e níveis de conhecimento humano e o professor como ?homem de cultura? terá uma ?consciência integrada?, isto é, todas as componentes de formação dirigir-se-ão para um saber unificado e dador de sentido à vida.
 Para todos os que pertencem à área de educação a formação contínua é a garantia de uma actualização permanente e necessária. A sua não concretização impedirá que as escolas possam encontraras respostas adequadas à evolução que a sociedade espera delas.

3.3 ? A auto-formação

Devido ao isolamento a que o professor é muitas vezes votado (e não é só no campo geográfico, mas também no campo social) e a um a deficiente organização de uma formação contínua adequada às suas necessidades, este vê-se muitas vezes obrigado a uma formação centrada na reflexão ?auto e heterobiográfica? 8Vilar,1993:54). Este tipo de formação foi/é o ?alimento? para muitos profissionais da educação que ultrapassaram e continuam a ultrapassar o isolamento que as circunstâncias lhe impuseram.
O autodidacta reconhece que não sabe tudo e vai realizando aprendizagens contínuas consigo mesmo, com os outros, e, sobretudo, com os seus alunos.
A educação e a formação foram sempre o cerne do desenvolvimento dos indivíduos e, em consequência das sociedades.
Neste processo a acção do professor é fundamental, pois todas as expectativas estão postas nele. Para que a mudança e o desenvolvimento da sociedade se processe é prioritário que ?nenhuma mudança organizacional significativa pode ser realizada, se não se efectuarem profundas alterações na forma de pensar, agir e interagir das pessoas? Senge cit. Nóvoa (1992).

4 ? Docência e qualidade

A nossa experiência diz-nos que, ligado à prática de bios profissionais se encontra uma certa ?competência artística?. Embora não seja no sentido de produção de uma obra de arte, mas no sentido de um profissionalismo eficiente, de um saber-fazer (knw-how, como diria Shön) que fica muito perto da sensibilidade artística.
A sua acção no indeterminado só é possível devido a essa competência, a esse talento, e que tem por base um conhecimento tácito que, muitas vezes, não é capaz de descrever, mas que está lá, ainda que não tenha sido pensado com anterioridade.
É esse conhecimento que será complemento das competências adquiridas no campo das ciências, das técnicas, ? que, por sua vez, ganhará nova força no seu emprego em novas acções educativas, representadas também elas, em novas aquisições cognitivas, afectivas, emocionais, psicomotoras.
Apenas com uma reflexão profunda e sentida o professor consegue um contínuo enriquecimento que o ajudará a superar problemas novos e, ainda, a encontrar soluções novas.
Esta actuação faz surgir o novo conceito de professor, cujas características principais são as de um sujeito activo, um agente reflexivo, um clínico, um ser que emite juízos de valor, que tem crenças, que orienta o seu pensamento, em função de si próprio e das rotinas que constrói ao longo da sua vida profissional.
O professor é considerado um agente de mudança, embora se reconheça que nem tudo é tão simples como pode parecer à primeira vista.
Muitas vezes geram-se situações de conflito entre os «educandos» e os princípios defendidos pela escola enquanto instituição.
Por esta razão se defende a existência de uma «comunidade educativa» com o fim de que todos sejam verdadeiramente implicados no processo educativo versus processo mudança.
Só na transferência de vivências, na partilha de competências, nesta abertura à mudança de mentalidades será possível dar resposta aos múltiplos desafios que nos são propostos/exigidos pela sociedade dos nossos dias.

5 ? Conclusão

É urgente inverter a marcha da educação e do ensino e sensibilizar para esse facto a opinião pública.
O ensino deve centrar-se no aluno, ter objectivos claros, mobilizar conteúdos, desenvolver competências, atender aos processos e obter resultados.
A educação não pode depender das mudanças de governo, deve ter continuidade. Não pode ser uma guerra de poder.
Quando o ensino/educação está ou é fragilizado, a própria nação fica em risco.
Como diria o psicólogo Daniel Sampaio ?inventem-se novas escolas? e deixem trabalhar os professores.


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

N.º 146
Ano 14, Junho 2005

Autoria:

Maria Fernanda Lopes Teixeira
Professora do 1º ciclo do Ensino Básico, Chaves
Marília Julieta Rodrigues Gomes Ruivo
Professora do 1º ciclo do Ensino Básico, Chaves
Maria Fernanda Lopes Teixeira
Professora do 1º ciclo do Ensino Básico, Chaves
Marília Julieta Rodrigues Gomes Ruivo
Professora do 1º ciclo do Ensino Básico, Chaves

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo