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Comunicações à distância

Nas comunicações à distância os sinais devem existir sob determinadas formas e cumprir certos requisitos de potência, se o fito for o de cumprirem com o seu destino - ou seja, chegar aonde e a quem direito nas condições próprias para aí actuarem de forma inteligível junto dos receptores humanos (e tecnológicos).

Nas comunicações à distância - portanto, dedicadas a situações fora do alcance directo da vista e do ouvido, também da possibilidade olfactiva, quanto mais do tacto, estas situações a requererem mesmo o contacto com a superfície exterior da nossa pele, em particular com as adequadas pontas dos dedos das nossas mãos -, então, nas comunicações à distância os sinais devem existir sob determinadas formas e cumprir certos requisitos de potência, se o fito for o de cumprirem com o seu destino - ou seja, chegar aonde e a quem direito nas condições próprias para aí actuarem de forma inteligível junto dos receptores humanos (e tecnológicos).  
As características de ?volume? da voz humana, e mais ainda as relativas à possibilidade de aparição perante potenciais correspondentes, desde sempre desafiaram o estabelecimento de ligações de longo alcance: o que os nossos ouvidos e os nossos olhos alcançam - pois, alcançam o que a evolução biológica os levou a alcançar. E isto é assim por mais fortes que sejam as capacidades sonoras do orador ou do gritante ou do instrumento tocado. Ou, no caso da visão, por melhor que seja a iluminação disponível. E por melhores que sejam os ouvidos escutantes. E por mais insectos que os olhos possam descortinar na banda de lá do Tejo (lisboeta sou eu, daí a automática referência à margem norte do seu estuário).
Por isso, a Humanidade desde sempre procurou enviar as suas mensagens à distância, a distâncias que ultrapassassem tais alcances.
Nesse sentido, mesmo sem necessitar de inventar a escrita, enveredou a Humanidade pela transmissão de sinais de fumo e de ondas sonoras, de pequenas nuvens criadas com as suas mãos ou através da percussão de tambores ou similares, as nuvens podendo ser avistadas no céu, ou fazendo chegar os sinais dos tantans aos locais remotos pretendidos (remotos do ponto de vista do emissor, que este, por sua vez, também se encontra em remota posição em relação ao receptor ).
E neste tipo de situações tornou-se obrigatório, devido às características dos meios de comunicação disponíveis, o emprego de códigos baseados num pequeno número de sinais diferentes.
Agora podemos deixar vogar a nossa imaginação, auxiliados pelas imagens de filmes sobre índios e outros protagonistas. É possível lobrigar, para o caso da emissão de fumos, a existência de conjuntos de pequenas ?nuvens?, conjuntos contendo um número limitado de elementos, ou mesmo - em situações mais elaboradas - de sequências de tais conjuntos de tais ?nuvens?. Contudo, as mensagens a enviar terão sido simples e o seu reportório não muito alargado, consistindo porventura sobretudo de avisos urgentes.    
No caso da comunicação sonora, a dos tantans, pode seguir-se uma via de raciocínio algo similar ao considerar as suas capacidades e as formas dos seus sinais e a natureza das suas mensagens. Excepto que, nestes casos dos sons, não se está dependente das variações diárias de condições de propagação como nas situações de visualização de fumos? Mas, o certo é qualquer dos dois tipos de meios ter empregue uma espécie de comunicação digital sincrética. E sincrética no sentido do conteúdo de um ou número limitado de sinais enviados poder corresponder a frases completas. A diferença entre os dois estava na grande disparidade de velocidade de propagação: 340 m/s para o som, 300.000 km/s para a luz. Contudo, uma diferença que quase nem se notava para as distâncias envolvidas entre emissores e receptores.
O emprego de técnicas electromagnéticas para a transmissão de sinais correspondeu à viragem para uma nova era. McLuhan identificou a passagem da galáxia de Gutenberg para a dos meios de comunicação eléctricos. Primeiro a telegrafia, logo seguida do telefone - meios de comunicação ponto-a-ponto, com os sinais a serem trocados nos dois sentidos, ou seja, meios conversacionais. Depois a distribuição urbi et orbe de informação a partir de um ponto central - a Rádio e a televisão. Aí estavam as telecomunicações.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 130
Ano 13, Janeiro 2004

Autoria:

Francisco Silva
Engenheiro, Portugal Telecom
Francisco Silva
Engenheiro, Portugal Telecom

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