* Contrariamente aos lugares comuns postos a correr pelo pensamento politicamente correcto a escola do futuro não será no essencial, ou seja no que respeita à formação do ser humano quanto ao saber e ao fazer, completamente diferente da do passado.As alterações mais profundas a introduzir dizem respeito, isso sim, ao progresso da ciência, ao avanço do conhecimento humano, à apreensão dos seus resultados e à aplicação das suas vantagens. Tudo isso para ser válido deve ficar fora, quando possível, da influência da ideologia dominante, que tem contornos definidamente totalitários, movidos pelos interesses das classes dirigentes e da informação jornalística, informática ou televisiva. O essencial do ensino tem de manter-se, pois ele assenta no trabalho individual ou em grupo, no sacrifício imposto pela aprendizagem, na experimentação do aprendido e no exercício contínuo do saber aplicado. A escola poderá adquirir novos contornos mas dificilmente, se quiser ser útil, poderá favorecer o individualismo autista. - hoje e sempre foi impossível adquirir isolado a competência para criar teoria válida, ou trabalho aplicado de interesse para a comunidade humana. Noções velhas e "reaccionárias", como disciplina e esforço, continuam a ser o fundamento do ensino e do aprender. Adoptar a escola às necessidades de um país, contra a vaidade individualista de quem se quer distinguir mais pelo diploma que lhe foi concedido do que pela competência que logrou obter, é a dificuldade nacional do nosso país e a sua potencial ou passageira ruína, se tivermos sorte. Quanto aos meios de comunicação social e novas tecnologias e o seu papel no mundo da instrução, o que deles se exige é saber e honestidade para serem úteis, pois, caso distorçam o conhecimento a favor de interesses de grupos poderosos de dirigentes políticos ou de empresas sem escrúpulos, é evidente que o resultado será o cavar um fosso maior entre pobres e ricos, visto que a pobreza se acentua pela falta de acesso ao conhecimento ou quando este for atingido, pela incapacidade de o aplicar. A disciplina, o esforço individual, o trabalho em grupo exigíveis na escola de nada valerão se não forem acompanhados pelos princípios éticos que defendem a dignidade humana. Raul Miguel Rosado Fernandes Deputado do Grupo Parlamentar do PP * título retirado do texto pela Redacção de "a Página"
|