O português José Saramago, Nobel de Literatura 1998, recebeu o título Doctor Honoris Causa da Universidade de Montevideu, e denunciou a globalização económica como "uma nova forma de totalitarismo". Saramago, de 78 anos, fez uma breve visita a Montevideu no âmbito de um périplo pelo Chile, Brasil, Argentina, Peru e Uruguai para apresentar seu último livro, "A Caverna", que num mês vendeu 90.000 exemplares em Portugal e 50.000 no Brasil. Depois de receber o título Honoris Causa da universidade uruguaia, Saramago lembrou que a literatura sempre tem algo importante para dizer num mundo como o actual, onde "o ser humano é a coisa mais descartável que há". "Perdemos o sentido do protesto, o sentido crítico, parece que vivemos no melhor dos mundos possíveis", disse. "Vivemos rodeados de inseguranças: insegurança na sociedade, no trabalho, na vida diária", acrescentou o autor de "A Caverna", título que alude à metáfora de Platão dos homens que vivem encerrados numa caverna e não conhecem o mundo exterior,. "A Caverna não é um manifesto político nem ideológico, mas um romance", disse Saramago, acrescnetando que a obra apenas pretende que "pensemos para onde vamos". Saramago assegurou ainda que a globalização económica "é uma nova forma de totalitarismo" e que a democracia "é um ponto de partida e não de chegada". Em sua opinião, quando os cidadãos "crêem que a têm, é quando começam a perdê-la". "Assistimos a um mundo em extinção. O único lugar seguro são os shoppings que, curiosamente, não têm janelas. E um lugar sem janelas é uma caverna". (AFP)
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