(AFP)

Um alto responsável palestiniano propôs recentemente, no âmbito de uma conferência realizada em Nicósia para a promoção da paz na educação, que o holocausto faça parte dos programas nas escolas árabes. "Creio que a Palestina e o mundo árabe devem aprender o que foi o holocausto. É algo que deve ser introduzido nos programas curriculares", disse o vice-ministro palestiniano para a cooperação internacional, Anis al-Qaq, admitindo, no entanto, que será difícil anular os estereótipos anti-israelitas existentes no seio da população estudantil. "Cada árabe, cada palestiniano, é tratado como um terrorista. Estas generalizações devem ser evitadas se queremos chegar à paz", referiu ainda.
O ministro israelita da educação, Yossi Sarid, sublinhou, por seu lado, a necessidade de os alunos hebraicos tomarem conhecimento das atrocidades cometidas contra os árabes no conflito que opõe as duas partes, com o objectivo de favorecer a paz no médio Oriente.Yossi Sarid, que foi muito criticado no seu país por ter introduzido nos programas escolares a obra do mais reconhecido poeta palestiniano, Mahmoud Darwish, insiste, no entanto, que os jovens israelitas devem tomar conhecimento das "peripécias", "por vezes desagradáveis", do passado do estado hebreu. "Devemos estar orgulhosos da nossa luta, mas tomar igualmente consciência dos nossos erros".
Sarid, que foi apelidado de "satã" pelo rabino Ovadia Yossef, líder espiritual do mais influente partido ultra-ortodoxo, o Shass, contesta os seus detractores. "Dizem que os poemas (de Mahmoud Darwish) são preocupantes para os israelitas porque exprimem o nacionalismo palestiniano (...) mas os israelitas não devem monopolizar o sofrimento", disse o responsável hebraico, que referiu ainda ter recebido garantias dos palestinianos de que as obras de escritores judeus e israelitas poderiam, de igual modo, figurar nos programas escolares sob administração da Autoridade Palestiniana.

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Jornal a Página da Educação nº 90 - Abril de 2000, pg. 13