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Acontece

PORTO EM FESTA

Passado o êxtase regionalista do tetracampeonato e da dobradinha à moda do futebol, e em plena euforia de capital europeia da cultura, as Festas da Cidade prometem continuar a animar a Invicta. Lá virá o S. João, mas, antes e depois disso, há notícia de muita(s) música(s). A abrir, destaque para o excelente Septeto Habanero (dia 12), que se desloca de Cuba, a convite de Vitorino, para actuar na Expo98. Seguem-se duas das brasileiras mais ësonantesí do momento: Fernanda Abreu, que apresentará o novíssimo 'Raio X', e Olívia Byington, cantando Aracy de Almeida. Logo depois, os ëjurássicosí Magna Carta regressam ao Porto para uma incursão sanjoanina nos meandros da folk-rock (a ver como envelheceram). Chegados ao Dia Mundial da Música (21), atenção a dois concertos: Cândido Lima com o Grupo Música Nova e, num registo que se presume de ëchansoní adulta, Catherine Ribeiro ó francesa de ascendência lusa que ajudou a projectar François Miterrand para a eternidade. Nos dois dias imediatos, há Mozart ('O Empresário', pela companhia Ópera Nova) e 'Ritmos de Passagem', com Rizério Salgado a combinar circo, dança, música, teatro e magia. Na ressaca da mais longa noite de folia tripeira, os sentidos retemperam-se com o já tradicional Concerto de S. João, dirigido pelo cónego e maestro Ferreira Lobo. Finalmente, de 26 a 28, três noitadas com Ritmos do Mundo: Musafir e Purna das Bauls (Índia); Nega Rosa (Brasil) e Linton Kwesi Johnson (Grã-Bretanha); Rachid Taha e Rimitti (Argélia).

MATOSINHOS 'CON SABOR'

Na rota da descoberta musical das Caraíbas, protagonizada por uma Europa que procura furar o bloqueio a Havana, as festas do Senhor de Matosinhos incluem este ano o programa 'Con Sabor'. Depois de os excelentes cubanos Irakere terem aberto as hostilidades (22 de Maio), tocando para uma escassa centena de corajosos que desafiaram a noite invernosa, o programa prosseguiu com os espanhóis Combays e o colombiano Antonío Rivas. Se esta edição lhe chegar às mãos em tempo útil, ainda está a tempo de não perder Candido Fabré (fidelíssima música cubana, nos dias 9 e 10) e a Orquestra Lisboa Latina (um misto Cuba-Portugal, no dia 12). Os concertos têm lugar na Praça Guilhermina Suggia e começam às 22h30.

CALHAU NA PEDRO OLIVEIRA

Até 4 de Julho, está patente na Galeria Pedro Oliveira (Calçada de Monchique, Porto) uma exposição de pintura de Fernando Calhau. Natural de Lisboa (1948), a sua área de trabalho diversifica-se pela gravura, fotografia, filme vídeo e desenho. No entanto, e de acordo com informação fornecida pela galeria, é na pintura que o trajecto de Fernando Calhau encontra 'um eixo permanente de reflexão em torno dos próprios processos da imagem, da escala, da forma e sobre o limite dos processos críticos da própria pintura'. Em torno desse eixo, Fernando Calhau vem afirmando, ao longo dos anos, 'um progressivo interesse pela tradição da pintura como campo de memória, mas sobretudo como campo afectivo'. É neste âmbito que se enquadram as pinturas que Fernando Calhau expõe na Pedro Oliveira ó 'trata-se de remeter a responsabilidade da emoção para quem olha e presentificar a fuga como processo da pintura'.

JUNHO EM SERRALVES

Continuando no mundo das exposições, referência para a obra da artista brasileira Lygia Clark, que pode ser apreciada na Fundação de Serralves (Porto) até ao dia 28. Apresentada como 'versátil, complexa e radical', Lygia Clark interroga, 'de maneira fundamental, tanto os sistemas de criação artística como os modos de vida que o homem erigiu à sua volta' ó uma dimensão que poderá ser melhor apreendida nas visitas guiadas pelo serviço educativo da fundação (aos sábados) ou por Fernando Pernes (dia 28). Entretanto, continua patente nos jardins de Serralves uma mostra de espantalhos concebidos e realizados por alunos dos ensinos Básico e Secundário no âmbito do projecto 'Arte Efémera na Paisagem' (até Outubro). Por outro lado, e num esforço de descentralização das suas actividades, a Fundação fez deslocar alguns exemplares das suas colecções de arte portuguesa dos anos 80 e 90, respectivamente, para os museus Amadeo de Souza-Cardoso (Amarante) e dos Biscainhos (Braga), onde podem ser apreciados até 12 de Julho. Finalmente ó porque nem só de exposições vive o projecto de Serralves ó, destaque para o concerto de canto e piano que terá lugar no dia 20, sábado, às 18h30: Isabel Mallaguerra e Constantin Sandu interpretarão obras de Gershwin e da dupla Kurt Weil/Bertolt Brecht.

NERUDA EM PORTUGUÊS

Aquela que é, por muitos, considerada a obra-prima de Pablo Neruda já tem concluída a primeira tradução para Português, com assinatura de Albano Martins e chancela da editora Campo das Letras. O 'Canto Geral' foi originalmente publicado em 1950, traçando um dos mais vivos quadros dos movimentos de libertação da América do Sul. Não é, pois, de estranhar que Vasquez Montalban se refira a 'Canto Geral' como 'um dos poucos livros de poesia que penetrou nas bibliografias da resistência popular' um pouco por todo o mundo.

A.B.


  
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Edição:

N.º 69
Ano 7, Junho 1998

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