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O currículo oculto das escolas

Olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço! É uma frase que, retirada de um contexto irónico em que seja eventualmente proferida, se revela infeliz ao referir-se à incapacidade ou vontade de quem a profere ser coerente nas suas ações com os princípios que defende e/ou promove. No entanto, “educar pelo exemplo” é uma prática salutogénica se o exemplo é saudável.
E o exemplo, teoricamente, terá repercussões mais duradouras do que as meras palavras.
Concentremo-nos na oferta alimentar em meio escolar. Que conhecimentos e práticas vão sendo sedimentadas pelos discentes quando, apesar de o currículo educar para uma alimentação promotora de saúde, no bufete e/ou máquina de venda automática são disponibilizados salgados, pastéis e bolos de massa folhada, pastelaria com creme e/ou com elevado teor de gordura, charcutaria, molhos, refrigerantes, produtos açucarados sem teor de fruta ou inferior a 50%, gelados de água, guloseimas, snacks, fast food, chocolates com mais de 50g ou recheados, bolachas e/ou biscoitos de aveia, belgas, com creme, com manteiga ou com cobertura?
Se os docentes me ensinam que devo ter uma alimentação saudável, será assim tão grave não o fazer? Se os alimentos não promotores de saúde prejudicassem realmente a minha saúde, a escola disponibilizá-los-ia para eu os poder escolher para me alimentar? São questões pertinentes que o discente poderá fazer (in)conscientemente.
Devendo a saúde estar presente em todas as políticas, a oferta alimentar saudável no meio escolar é também uma das prioridades a ter.
Em novembro de 2012, a Direção-Geral da Educação publicou as novas orientações dos bufetes escolares, uma revisão da anterior Circular nº 11/DGIDC/2007, de 15 de maio, contendo algumas especificidades nutricionais e aspetos de organização e funcionamento do bufete escolar. Estas novas orientações visam apoiar as direções das escolas e os técnicos dos serviços de Ação Social Escolar na melhoria de qualidade da oferta alimentar e sensibilizar os docentes, assistentes operacionais e encarregados de educação para a importância dos seus contributos na promoção da saúde e de estilos de vida saudáveis.

Nuno Pereira de Sousa


  
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Edição:

Edição N.º 199, série II
Inverno 2012

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