Página  >  Edições  >  Edição N.º 194, série II  >  Como ensinar o conhecimento científico em ambientes multiculturais de ensino?

Como ensinar o conhecimento científico em ambientes multiculturais de ensino?

Durante muito da história da educação escolar a ciência foi vista como algo pronto e acabado e, sendo assim, não deveria ser questionada. Nesse contexto, as únicas fontes de informações presentes nas salas de aulas eram os livros didáticos, pois eram considerados como exclusiva fonte de informações válidas. Os professores seguiam fielmente esses livros e os estudantes deveriam memorizar os conteúdos neles presentes, sem que nenhuma relação fosse estabelecida com os seus cotidianos. Atualmente, porém, conquistas das pesquisas sobre ensino e aprendizagem em Ciências afirmam que o mais importante não é transmitir uma grande quantidade de conhecimentos, mas, antes, trabalha-los de forma significativa para os estudantes. Neste sentido, é importante considerar que as classes são ambientes multiculturais e, como tal, existem diferentes visões de mundo e modos de explicações da natureza provenientes dos mais diversos meios culturais, além da ciência que está sendo ensinada.
Sendo as salas de aula ambientes multiculturais, é preciso que o ensino de ciência esteja pautado no diálogo entre saberes culturais. O diálogo consiste da argumentação, da exposição das razões que levam os indivíduos a pensarem como pensam. Um ensino de Ciências baseado no diálogo cultural promoverá oportunidades para que os estudantes percebam que as ciências possuem características peculiares, próprias da sua cultura. A ciência constitui atividades humanas sociais e historicamente situadas. O diálogo também permite a compreensão de que além da ciência existem outras vias culturais  de explicação da natureza, como, por exemplos, as religiões, os grupos indígenas e as comunidades tradicionais, dentre outras. Porém, para que seja possível o diálogo entre saberes culturais nas salas de aula de Ciências é preciso que o professor investigue as visões de mundo dos estudantes e torne-as evidentes nos momentos de ensino e aprendizagem. É preciso que eles evidenciem os saberes culturais dos estudantes mostrando-lhes possíveis relações de semelhanças e/ou diferenças com os saberes científicos que estão sendo trabalhados.
A conseqüência dessa prática é que os estudantes poderão ter as suas visões de mundo ampliadas. Assim, tanto o conhecimento científico escolar quanto os saberes culturais dos estudantes serão para eles importantes. Um refere-se às informações, aos conceitos, aos princípios e as generalizações feitas pela comunidade científica e que serão transmitidas pelos professores aos estudantes nas classes. O outro se refere mais às experiências que o próprio estudante vivencia no seio do meio cultural do qual faz parte. Cada um desses conhecimentos terá para os estudantes alcance e validade, em diferentes contextos, quando para eles forem necessários.

Geilsa C. Santos Baptista


  
Ficha do Artigo
Imprimir Abrir como PDF

Edição:

Edição N.º 194, série II
Outono 2011

Autoria:

Partilhar nas redes sociais:

|


Publicidade


Voltar ao Topo