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FIS: festa de resistência e partilha

Provavelmente haverá quem ainda não se tenha dado conta, mas nem só de litoral e pop/rock – e, ultimamente, também de “world music” – se faz o Verão musical português. No rincão continental mais afastado da capital, uma ideia persiste há uma dúzia de anos, muito por vontade de uns poucos obreiros resistentes à desertificação demográfica e cultural do interior e para gáudio de uns tantos peregrinos divergentes da litoralidade urbana.
A ideia tem um nome (Centro de Música Tradicional Sons da Terra) e um cenário (Sendim). E uma voz – Mário Correia, que ali teimou em implantar e concretizar um festival: “Continuamos a reincidir com a festa intercéltica, recriando um tempo de celebração colectiva das músicas do nosso (des)contentamento.
Renovamos o convívio em tons de partilha intercultural, procurando fazer da festa um tempo de (re)descoberta dos sortilégios, seduções e encantamentos das sonoridades que, emergindo das raízes, se actualizam e revigoram aqui e agora”.
Pois bem, a 12ª edição do Festival Intercéltico de Sendim (5 e 6 de Agosto) vai decorrer sob o signo das línguas minoritárias. Durante dois dias (5 e 6 de Agosto), em pleno coração da Terra de Miranda – berço e reduto da segunda língua oficial portuguesa (mirandês) – vai-se ouvir cantar em bretão (Gwennyn), basco (Xabi Aburruzaga), gaélico (Altan) e asturiano (Corquiéu), estando o mirandês por conta de vozes da terra (Célio Pires e Lenga-Lenga) e de uma que, não o sendo, terá sido uma das primeiras divulgadoras do falar mais nordestino de Portugal: Né Ladeiras, lembram-se dela? Em português, arriba de Coimbra A Barca dos Castiços.
“Expressões actuais de distintas culturas, sem dúvida, mas unidas entre si pela essência identitária das raízes, que procuram manter revigoradas, comungando esforços e vontades para a sua valorização e divulgação e contribuindo para a sua permanência expressiva no mundo dos nossos dias”, explica Mário Correia.
“É assim em Sendim, as músicas que ouvimos hoje fazem-nos falta para continuarmos a viver amanhã”. E como nem só de música se constrói a “identidade”, o laço que une locais e festa de resistência forasteiros, o FIS “é” mais do que os concertos no Parque das Eiras (três por noite, a partir das 22h30): passeios às Arribas do Douro e à descoberta de Sendim com a língua mirandesa; homenagem ao gaiteiro José João da Igreja; encontro de “gaiteiricos” do planalto mirandês; oficina de danças tradicionais e...
É claro, a Taberna dos Celtas e palcos similares...

A.B.

Informações: sonsdaterra@sapo.pt | 273 739 148 | 919 000 651


  
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Edição:

Edição N.º 193, série II
Verão 2011

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