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Cerca de um milhão de pessoas manifestaram-se em Roma

Greve geral e protestos em Itália contra reforma educativa de Berlusconi

A Itália teve o seu dia de greve geral na educação, que incluiu manifestações, principalmente em Roma, para protestar contra a reforma impulsionada pelo governo do conservador Silvio Berlusconi. Cerca de um milhão de pessoas, segundo cálculos dos organizadores, entre elas os membros os três maiores sindicatos do país, desfilaram pacificamente pelas ruas da capital para protestar contra a redução do financiamento do Estado para a educação pública, que deixará mais de cem mil pessoas do sector sem emprego.
A maioria das pessoas que protestaram eram estudantes do secundário e universitário, bem como pais de família, professores e funcionários não-docente do sector.
A polémica reforma da educação na Itália foi definitivamente aprovada no fim de Outubro. O decreto governamental sobre a reforma, que já havia passado pelos deputados, tornou-se lei na votação dos senadores por 162 votos a favor, 134 contra e três abstenções. À porta do senado milhares de estudantes exigiram a demissão da ministra da Educação Mariastella Gelmini. "Lamento que alguns jovens sejam manipulados pela esquerda", declarou Berlusconi pouco depois da votação.
A oposição, assim como os manifestantes que multiplicaram os protestos nos últimos dias, pediu mais uma vez a retirada pura e simples do texto, que prevê principalmente o regresso do professor único na primária, ou seja, a utilização de apenas um professor para cada classe até ao 5º ano de escolaridade.
"A reforma tem o apoio da maior parte dos italianos. Voltamos à escola da seriedade e do mérito", afirmou a ministra da Educação.
O regresso ao professor único no 1º ciclo está previsto para o início de 2009 em lugar do sistema actual italiano [três professores para duas turmas, distribuindo entre si as matérias ministradas].
O ensino também será reduzido para 24 horas por semana contra 29-31 horas actualmente, o que leva os opositores a temerem uma queda da qualidade e os pais a preocuparem-se com a ocupação dos filhos.
As verbas do Estado para o primário devem ser reduzidos em 7,8 mil milhões de euros durante os próximos quatro anos.
Os cortes nos orçamentos dos ensinos secundário e superior, votados em Agosto, são também enormes. As restrições atingirão 1,5 mil milhões de euros no ensino superior durante os próximos cinco anos, ameaçando também a investigação, segundo o sindicato do sector.
Dada a grande quantidade de manifestantes, procedentes de todo o país, tanto em autocarros como comboios, a manifestação teve que se dividir em vários percursos confluindo todos para a praça central. A manifestação foi precedida de uma greve geral da educação. A maior parte das escolas e universidades do país fecharam.
Os estudantes exigem a renúncia da ministra da Educação, Mariastella Gelmini, entre as mais jovens do gabinete de Berlusconi, acusada de impor ditatorialmente a reforma sem consultar as partes afectadas.
O decreto do governo prevê o fim de 130.000 empregos, entre professores e funcionários não docentes, só no 1º ciclo.

AFP


  
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Edição:

N.º 184
Ano 17, Dezembro 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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