ESCAPAM SEMPRE
O magistrado italiano Giancarlo Capaldo intimou 34 ex-militares e civis uruguaios envolvidos em casos de desaparecimento de cidadãos de nacionalidade italiana durante o Plano Condor. No entender do magistrado e da colega, a juíza Luisana Figliola, estão abertos na Itália os processos pelo desaparecimento de pelo menos 25 pessoas de nacionalidade italiana na Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai durante as ditaduras ocorridas nesses países. A "Operação Condor" foi aplicada nos anos 70 e 80 pelos regimes militares da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai para eliminar os oposicionistas. A "Operação Condor", que deixou centenas de vítimas desaparecidas, nasceu durante a Primeira Reunião de Trabalho da Policia Política Nacional, realizada em Santiago, entre 25 de Novembro e 1 de Dezembro de 1975, segundo a documentação acumulada em investigações. O promotor da iniciativa foi o então coronel Manuel Contreras, fundador da DINA, a polícia política da ditadura do general Augusto Pinochet, mas o plano também contou com o apoio de agentes dos Estados Unidos. "A Operação Condor representou um esforço cooperativo de inteligência e segurança entre muitos países do Cone Sul para combater o terrorismo e a subversão", assinala um relatório desarquivado pela Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, no dia 22 de Agosto de 1978. Como parte do processo, a justiça italiana já decretou ordens de detenção contra mais de 100 ex-militares e civis das ditaduras da região, entre eles a do capitão de fragata Jorge Tróccoli, que reside na Itália desde Outubro do ano passado. Numa carta aberta publicada no site web www.envozalta.org, o ex-coronel Ernesto Ramas, condenado a prisão mas internado num hospital por alegados problema cardíacos, considerou que a carta do magistrado italiano "é um procedimento totalmente irregular" e "mais um acto desta tragicomédia montada contra a Instituição Militar, em particular o Exército", uruguaio.
AFP
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