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China repete ataques contra Dalai Lama apesar de esperança de diálogo

A China repetiu neste sábado, 26 de Abril, os seus ataques contra o Dalai Lama, acusando o líder espiritual de desestabilizar o Tibete, um dia depois de propor o diálogo com representantes do líder tibetano no exílio. A agência oficial chinesa Xinhua anunciou na sexta-feira que membros do governo se reunirão "nos próximos dias" com um enviado do Dalai Lama.
Neste sábado, o Dalai Lama saudou a oferta chinesa de dialogar para resolver a situação do Tibete e afirmou desejar "conversações sérias" com Pequim.
"Não recebi nenhuma informação detalhada, mas, basicamente, falar é bom", afirmou o Dalai Lama no seu regresso a Dharamsala, norte da Índia, após uma visita de duas semanas aos Estados Unidos.
O líder budista tibetano disse à imprensa que deseja "conversações sérias sobre como reduzir o ressentimento tibetano" relacionado com os problemas no Tibete. Porém, neste sábado, o Jornal do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), esfriou os ânimos daqueles que acreditavam numa reconciliação.
"A camarilha do Dalai Lama tem usado de todos os meio possíveis para atrapalhar a estabilidade e o desenvolvimento do Tibete", assinala o periódico num artigo com o título "Suas acções violaram seriamente os ensinamentos budistas".
O Jornal do Povo também acusa o Dalai Lama, e os seus seguidores, de propagar o "falso rumor" de que a China oprime o budismo tibetano e de conspirar para colocar a opinião pública contra Pequim.
"O Dalai Lama, autoproclamado 'líder religioso', é realmente o líder de uma série de acções para sabotar a ordem religiosa normal do Tibete", acrescentou o jornal. Um porta-voz do Dalai Lama disse na sexta-feira, 25 de Abril, que ele havia recebido favoravelmente a oferta chinesa de diálogo.
"É um passo na boa direcção, porque apenas a negociação frente a frente pode conduzir à solução do problema tibetano", disse Tenzin Taklha.
Por sua vez, no dia anterior, o primeiro-ministro tibetano no exílio, Samdhong Ripoche, reconheceu ter mantido contactos com a China.
"Mantivemos contactos com as autoridades chinesas, não apenas para expressar a nossa preocupação pelas medidas de repressão, mas também para dar sugestões para resolver a crise", afirmou num comunicado. A China foi muito pressionada internacionalmente, nas últimas semanas, para abrir um diálogo com o Dalai Lama desde as revoltas de Março em Lhasa, capital do Tibete, que se espalharam por outras regiões chinesas habitadas por tibetanos. Segundo o governo do Tibete no exílio, a repressão chinesa deixou pelo menos 150 mortos. A versão oficial de Pequim reconhece 20 mortos (18 civis tibetanos e dois policiais chineses) e a mídia chinesa culpa o Dalai Lama de ter orquestrado os distúrbios.
Num artigo publicado no sábado pelo Tibet Daily, um dirigente tibetano da administração pro-china que governa a região afirma que a recente onda de violência era "outra demonstração aterrorizante dos esquemas pro-separatistas da camarilha do Dalai Lama".

AFP


  
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Edição:

N.º 178
Ano 17, Maio 2008

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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