Testemunho
Chegamos a mais um final de ano. Professores e alunos, aqui no Brasil, preocuparam-se em terminar as últimas atividades e encerrar o ano letivo com a sensação de dever cumprido. Será que podemos dizer que cumprimos nosso dever diante da realidade que a Educação em nosso país se encontra? Assim sendo, torno a perguntar: Podemos dizer que estamos cumprindo com a nossa missão? ? Mas eu só faltei duas vezes durante todo o ano e cumpri com o currículo. Se eles não aprenderam, não foi por culpa minha. Eles é que não se esforçaram. Ouço estas frases inúmeras vezes. Agora pergunto: Será que só isso basta? Será que não podemos fazer um pouco mais do que cumprirmos o currículo e não faltarmos para melhorarmos a Educação no nosso país? Tenho certeza absoluta que sim. Sabemos que muitos professores estão desanimados e desestimulados com a enormidade de fatores que incidem sobre a nossa profissão. Não vou me reportar a nenhuma delas aqui. Sei que todas as questões são importantes e que compõe o todo, porém temos que ter uma visão altruísta se quisermos modificar esta realidade. Não há como pensarmos em melhores salários se o resultado da Educação é catastrófico. A realidade é que uma coisa está interligada à outra. Tudo funciona como uma grande engrenagem. Se todos os dentes desta engrenagem estão gastos não há como se recuperar um ou dois, pois não fará a menor diferença. A recuperação de todos os dentes desta engrenagem acontecerá com a mudança de comportamento diário de cada um de nós. O Professor, ao entrar na sala de aula, tem que olhar cada aluno como se ele fosse o único. Tem que saber identificar qual a melhor linguagem que Paulinho entende, qual a melhor linguagem do Zezinho e assim por diante, para quando for explicar a matéria falar a linguagem de cada um. Gosto de dar este exemplo: É como se eu preparasse um conteúdo abrangente, altamente qualificado para expor na China e ministrasse a Palestra toda em Português para um público que só fala chinês. Por mais que eu lhes passe o conteúdo, que ilustre com slides e tantos outros recursos, se não falar a linguagem deles, não transmitirei o conteúdo e conseqüentemente não propiciarei o aprendizado. Como pode o Professor atingir o aluno que entende a linguagem sinestésica ministrando uma aula totalmente voltada para a linguagem auditiva? Por melhor que o tema seja abordado, somente os auditivos terão bom entendimento. Esta mudança de comportamento do Professor é simples e só depende da sua boa vontade e criatividade. Agindo dessa maneira tornará sua aula muito mais dinâmica, mais interessante e abrangente. Não necessita de nenhum material especial, somente de pré-disposição para abordar, num mesmo tema, as três linguagens: visual, auditiva e sinestésica. O mesmo critério deverá ser utilizado na correção das provas. É de fundamental importância que o professor, ao corrigir, o faça respeitando as características do aluno. Se somos diferentes como podemos ser tratados de forma igual? E a prova não serve de respaldo somente para o aluno avaliar se entendeu a matéria, serve também para o professor detectar se ficou alguma lacuna. A partir do momento que houver mudanças no comportamento dos professores, a Educação começará a mudar. A realidade da Educação hoje não envolve somente o conteúdo, pois este, o aluno tem à sua disposição a partir de um clic. O que é importante existir hoje é a conexão entre o conteúdo, o entendimento e sua aplicabilidade ocorrendo então o aprendizado. Vamos aproveitar o período de Férias para refletirmos sobre esses aspectos e em Fevereiro, quando retornarmos à sala de aula, iniciarmos o ano com uma nova conduta. Quem sairá ganhando com isso será o próprio professor, que se sentirá motivado a ministrar uma aula dinâmica e participativa, o aluno que se comportará de forma atuante e a Educação que poderá reverter o triste quadro que ora se apresenta.
|