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Rússia: um salto económico que vai além do petróleo

A "success story" da economia russa desde a chegada ao poder de Vladimir Putin há oito anos, reside na subida dos preços das matérias-primas e numa gestão sustentada das suas receitas. O Produto Interno Bruto (PIB) da Rússia quase quintuplicou desde 2000, ano em que Putin assumiu o poder.
A Rússia tem uma boa sustentabilidade desde que assumiu a liderança dos países mais dinâmicos do G8, com um índice de crescimento esperado de 7,5 por cento para este ano, enquanto os investidores estrangeiros fazem braço de ferro para se implantarem neste mercado em plena ebulição.
Em Junho, o primeiro vice-primeiro-ministro russo, Sergueï Ivanov, prometeu que o país ficaria entre as cinco primeiras economias mundiais até 2020 (actualmente é o 9º). Sem dúvida, no entanto, é difícil ignorar que paralelamente o preço do barril de petróleo "Oural", o tipo de petróleo exportado pela Rússia, quase quadruplicou. A Rússia é o segundo exportador mundial de petróleo e o primeiro exportador de gás natural.
Mas para Iaroslav Lissovolik, analista do Deutsche Bank em Moscovo, a Rússia não se contentou com a oportunidade que teve. "Acho que globalmente houve avanços maiores devido às boas políticas que foram adoptadas", considerou. Exemplo disso é o Fundo de estabilização criado em 2004 para recolher as receitas do petróleo. Esta é, segundo ele, a maior realização do período Putin. "Isto ajudou verdadeiramente a Rússia a enfrentar os preços elevados do petróleo e a administrar as suas receitas de petróleo de maneira muito eficaz", afirmou. Sem ele, a Rússia teria corrido o risco de ver a sua economia desestabilizar-se pelo afluxo dos petrodólares.
O FMI deu parecer similar em nota recente, cumprimentando assim a "boa gestão macroeconómica do país". Lissovolik afirmou ainda que os anos Putin permitiram "um recuo significativo da economia cinza", da pobreza, e também uma integração maior na economia mundial, apesar de que a Rússia ainda deve demorar para oficializar a sua entrada na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Ele lamentou, em contrapartida, o aumento da burocracia e avisou que a forte retomada da inflação logo antes das eleições pode ofuscar o quadro final. Valerii Nesterov, do banco Troïka Dialog, ressaltou por sua vez que apesar das vivas controvérsias suscitadas por causa da sua política energética, a Rússia conseguiu elevar a sua produção de 300 milhões de toneladas por ano em 2000 para quase 500 milhões actualmente. "Há muitas falhas na política: incoerências jurídicas na recepção de investidores estrangeiros e conflitos internacionais", reconheceu. "Mas também há aspectos positivos: podemos dizer apesar de tudo que os negócios continuam bastante atraentes", concluiu.


  
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Edição:

N.º 173
Ano 16, Dezembro 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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