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Como as palavras resistem às mudanças

MORFOLOGIA 

Pode ter sido encontrada uma lei universal que rege a evolução dos idiomas. Os investigadores da Universidade de Reading, na Grã Bretanha, constataram que as palavras das línguas indo-europeias mudam menos quando são mais utilizadas.
A conclusão resultou da análise da evolução de 200 palavras do grupo indo-europeu, cuja origem comum remonta a 10.000 anos, até às suas formas actuais em inglês, russo, grego e espanhol, segundo um artigo publicado pela revista científica Nature. O grupo indo-europeu engloba actualmente 87 idiomas.
Em inglês, a evolução das conjugações dos verbos irregulares explica-se da mesma maneira, refere outro estudo também publicado na Nature. De 177 verbos irregulares do inglês arcaico, os 98 que ainda são mantidos no inglês contemporâneo estão entre os mais utilizados.
Outra das conclusões refere que as diferenças morfológicas entre os idiomas originados do ramo indo-europeu são menores para as palavras mais utilizadas como "dois" ("two" em inglês, "dos" em espanhol, "zwei" em alemão) ou "água" (water, agua, Wasser) do que para as menos frequentes como "cola" (tail, cola, schwanz).
Os investigadores também conseguiram estabelecer uma correlação extremamente forte entre a longevidade de uma palavra e a frequência com a qual é empregada, que pode ser uma lei universal da evolução dos idiomas caso seja constatada também para as línguas que não são indo-europeias (mandarim, japonês, tâmil...).
Uma explicação, derivada de um princípio que rege a replicação e a mutação dos genes, seria a de que os locutores cometem menos erros ao utilizarem as palavras que são mais empregadas, que por sua vez teriam mais tendência a manter sua forma original.
Uma outra teoria, não necessariamente contraditória, supõe que as novas palavras que surgem num idioma se impõem à medida que não é encontrado um termo cuja existência é fortalecida pelo uso maciço.


  
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Edição:

N.º 172
Ano 16, Novembro 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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