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Freinet
Célestin Freinet (1896 - 1966) foi um importante educador francês. Para ele o ensino deve basear-se em actividades práticas, como o uso da tipografia para a aprendizagem da leitura e escrita, a correspondência escolar e o «texto livre» no qual as crianças expressam o que sentem. Os alunos compõem os seus textos, discutindo-os e editando-os em grupo, produzindo jornais que são trocados com outras escolas por correio. Os textos assim obtidos substituem os manuais escolares tradicionais que muitas vezes muito pouco dizem aos jovens estudantes. A correspondência escolar forma amizades com alunos de outras escolas, sendo pretexto para visitas. As visitas escolares seriam praticadas por Freinet, bem como por outros educadores inovadores do seu tempo. Célestin Freinet pode ser considerado mais um dos elementos do movimento pedagógico conhecido por "Escola Nova", que teve em Faria de Vasconcelos o seu mais conhecido pedagogo português. No nosso país, Álvaro Viana de Lemos correspondeu-se com Freinet e introduziu a imprensa na escola. Outros educadores como Maria Amália Borges, Maria Isabel Pereira, ou Sérgio Niza, que organizou um Município Escolar em Évora (inspirando-se em António Sérgio), bem como Rui Grácio, contribuíram decisivamente para a organização do Movimento da Escola Moderna. O contributo da obra pedagógica de Célestin Freinet para a história da educação é assim enorme, mesmo em Portugal. A noção de criança como ser da mesma natureza do adulto, contrária a imposições autoritárias, a consideração do respeito que exige para a renovação da escola e da vivência democrática para a construção da democracia, são factores cruciais na sua pedagogia. Freinet praticava a auto-avaliação, a auto-correcção, o plano de trabalho e a execução do livro da vida, caderno no qual os alunos registavam os acontecimentos do ano escolar. Este autor foi um grande prático, da prática passou à teorização. Tendo ficado ferido na Primeira Guerra Mundial, pensou na incapacidade que tinha para o exercício da docência em situação "normal", pois estava afectado a nível pulmonar. Não podia falar muito tempo, muito menos gritar. As suas aulas pretendiam proporcionar a realização de trabalho real. Freinet foi preso em 1940, tendo-se juntado à Resistência Francesa quando libertado.
A sua vida e obra merecem uma lembrança permanente por parte de educadores, professores e formadores.

  
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Edição:

N.º 170
Ano 16, Agosto/Setembro 2007

Autoria:

Maria Gabriel Cruz
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real
Maria Gabriel Cruz
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real

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