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Sessenta e dois anos após Hiroshima, apocalipse nuclear ainda ameaça o mundo
Foi no dia 6 de Agosto de 1945, mais precisamente às 08H15, que o bombardeiro B29 americano "Enola Gay" lançou a bomba atómica sobre Hiroshima. A bomba explodiu a 600 metros de altitude, arrasando a cidade. Cerca de 140 mil pessoas ? mais de metade da população da cidade em 1945 ? morreram instantaneamente ou nos meses que se seguiram, vítimas da radiação ou de queimaduras extremas. Três dias depois, outras 74 mil pessoas morriam no segundo bombardeamento atómico, desta vez sobre Nagasaki.
Apesar dos "hibakushas" (sobreviventes vítimas da radiação), dos mais idosos e de alguns políticos empenhados no pacifismo formularem votos de paz durante as cerimónias de homenagem aos mortos, as armas nucleares continuam a ameaçar a segurança internacional, como provam as crises norte-coreana e iraniana. Mais preocupante ainda para a comunidade internacional é o risco de um "11 de Setembro nuclear", recentemente evocado pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), na hipótese de a arma atómica vir a cair nas mãos de terroristas.
Em Fevereiro de 2004, o criador da bomba atómica paquistanesa, Abdul Qadeer Khan, considerado um herói nacional, admitiu ter realizado exportações ilícitas de tecnologia nuclear em benefício do Irão, da Coreia do Norte e da Líbia. "A natureza da ameaça ligada ao nuclear mudou e o sistema disponível na comunidade internacional para lhe responder não está adaptado", acusa a ex-embaixatriz Kuniko Inoguchi, que até ao ano passado representava o Japão nas questões da não proliferação nuclear. "Hoje, a ameaça que pesa sobre o mundo é mais imprevisível. Em relação à luta contra o terrorismo, trata-se de um novo tipo de guerra, um novo tipo de proliferação, de um novo perigo para a nossa segurança. E a questão central é que não se sabe verdadeiramente com quem se deve negociar, e contra quem lutar", sublinha Inoguchi.
Há doze anos, durante o 50º aniversário dos bombardeamentos de Hiroshima e de Nagasaki, os opositores às armas nucleares tinham algumas razões para ter esperanças. A derrocada da União Soviética, que pôs termo à Guerra Fria, parecia ter afastado a eventualidade de um conflito atómico devastador para o planeta. Hoje, pelo menos oito países podem afirmar que possuem tecnologia nuclear: Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, China, França, Índia, Israel, Paquistão e, provavelmente, a Coreia do Norte, havendo poucas esperanças de que desistam do seu arsenal. Nos últimos anos, os Estados que assinaram o Tratado de Não Proliferação das Armas Nucleares (TNP) não têm conseguido obter consenso sobre uma revisão mais ampla do documento, que entrou em vigor em 1970 e parece cada vez mais obsoleto.

  
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Edição:

N.º 170
Ano 16, Agosto/Setembro 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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