Democracia e (neo)liberalismo
A ascensão da burguesia ao poder no século XVIII foi também a ascensão do liberalismo. Mas é somente no início do século XIX com as transformações sociais e políticas que o povo, particularmente a classe operária, começa a pressionar a corrente de pensamento liberal a lhes dar alguma resposta acerca das questões da democracia. O liberalismo responde a esta questão se colocando como uma alternativa à democracia. Podemos perceber isso facilmente ao lermos a historia dos primeiros regimes liberais, que se apresentavam restritos a uma minoria e extremamente elitistas. "No século XX, sobretudo a partir dos anos 1930, o liberalismo assume a democracia e passa a defendê-la, mas reduzindo-a e minimizando-a, empobrecendo suas determinações, concebendo-a de modo claramente redutivo".(1) endo suas determinaçasimizando-a, empobreeralismo assume a democracia e passa a defende-la
Educação no Brasil
No Brasil o ensino é tratado como mercadoria de consumo. O saber tornou-se mercadoria de luxo. Desde que a razão se tornou instrumental o esclarecimento ocupa a função de enganador das massas, pois quem tem conhecimento possui poder. As relações entre os homens já não se constituem relações entre "seres humanos", mas sim entre seres autômatos, meros seres genéricos, iguais uns aos outros, perdidos e isolados na coletividade massificadora. O comportamento já não é espontâneo, ele tem uma função de acordo com o objetivo a ser atingido e a cultura, transformada em cultura de massas usa, dentre outros mecanismos, a educação para inculcar no indivíduo o comportamento padrão esperado. O aumento da produtividade econômica produz de um lado um mundo mais justo, contudo podemos ver nitidamente do outro lado a grande maioria da população anulada diante dos poderes econômicos dos grupos sociais que controlam os meios de produção. Essa grande massa populacional fica à mercê das tendências do espírito da época que destrói a cultura transformando-a em mercadoria para fins de consumo. Nesse contexto atual a educação (escolar) segue a tríade D→E→D, ou seja, se o indivíduo possui Dinheiro o suficiente ele paga por uma boa Educação e, logo ele produz mais Dinheiro. Isso nos dias atuais tornou-se um círculo vicioso difícil de ser superado, pois o que vemos são políticas pobres para os pobres. São políticas que visam disfarçar os efeitos da expropriação econômica e cultural que atinge a maioria da população, apenas diminuir, não são políticas sociais voltadas para a erradicação do problema. Podemos perceber que "o eixo definidor da política educacional e de sua perspectiva pedagógica é o culto à liberdade do mercado".(2) Nessa perspectiva cada indivíduo teria "de cuidar de adquirir 'um banco ou pacote de habilidades' (gerais, técnicas e de gestão) mediante as quais desenvolva as competências desejadas pelo mercado".(3) A ligação da cultura e das atividades pedagógicas aos interesses do Estado e da economia vigente causa o esfacelamento dos saberes e consequentemente uma perda da visão de conjunto. Hoje, no Brasil, mesmo se conseguíssemos uma universalização da educação básica isso não nos garantiria uma educação de qualidade, nem competitividade e muito menos no sentido humano e social, pois as escolas vêem formando o "cidadão mínimo".
Considerações finais
Os indicativos acima assinalados nos mostram o quanto temos que lutar para construir um Brasil democrático, crítico e com uma educação que atinja o mínimo de qualidade desejável, mas é com pequenas iniciativas que as mudanças começam e por que não dizer a revolução.
Notas: 1) FÁVERO, Osmar; SEMERARO, Giovanni, (orgs.). Democracia e construção do público no pensamento educacional brasileiro. p. 11. 2) FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a construção democrática no Brasil. In: FÁVERO, Osmar; SEMERARO, Giovanni (orgs). Democracia e construção do público no pensamento educacional brasileiro. p.63 3) IDEM, Ibidem. p.62
Bibliografia
- ADORNO, Theodor W. & HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento. 1 ed. Rio Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985.
- FÁVERO, Osmar; SEMERARO, Giovanni (orgs). Democracia e construção do público no pensamento educacional brasileiro. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
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