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Relatório alarmante sobre o clima contestado pela China e Estados Unidos
De acordo com um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), divulgado em Abril em Bruxelas, o panorama mundial para as próximas décadas não é animador. Alguns países, nomeadamente os Estados Unidos e a China, questionaram as suas conclusões.
Com um aumento superior a 2 ou 3 graus por comparação a 1990, o aquecimento climático terá impactos "globalmente negativos" em todas as regiões. Antes do ano 2080, estimam os especialistas no documento de 1400 páginas, até 3,2 mil milhões de pessoas estarão expostos a uma severa escassez de água e 600 milhões à fome por causa das secas e da degradação e salinização do solo.
Além disso, entre dois e sete milhões de pessoas sofrerão anualmente com inundações, principalmente nas áreas costeiras onde a pressão demográfica aumenta e nos grandes deltas da África ocidental, da Ásia e do Mississippi. As populações pobres, incluindo as dos países desenvolvidos, serão as mais vulneráveis à mudança climática.
"Isto requer a nossa atenção, pois os mais pobres são também os menos preparados para adaptar-se", assinalou Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, ao apresentar as conclusões dos especialistas em Bruxelas. Martin Parry, presidente do grupo de trabalho do IPCC responsável pelos impactos do aquecimento global referiu, por seu lado, que "o aquecimento é inevitável por causa das emissões [dos gases com efeito de estufa] passadas e os esforços de atenuação irão demorar décadas a apresentar melhorias".
Os cientistas advertiram que o aquecimento afectará todas as formas de vida na Terra. "Entre 20 e 30 por cento das espécies vegetais e animais terão um risco crescente de extinção se o aumento da temperatura mundial se situar entre 1,5 e 2,5 graus centígrados por comparação a 1990", advertiu o IPCC.
China, Arábia Saudita, Rússia e Estados Unidos questionaram alguns dos parágrafos da síntese do documento. O governo de Pequim, por exemplo, opôs-se a um trecho que salientava o "risco muito elevado de vários sistemas naturais serem afectados pelas mudanças climáticas", questionando as bases científicas do carácter "muito elevado" desse risco.
Já os Estados Unidos pediram e conseguiram a eliminação de um parágrafo onde se referia que a América do Norte "deverá enfrentar localmente graves prejuízos económicos e perturbações substanciais do seu sistema socioeconómico e cultural".
"É a primeira vez que os políticos questionam desta maneira a ciência", referiu um dos delegados à imprensa. A coordenadora da delegação americana em Bruxelas, Sharon Hays, afirmou que a mudança climática representa um desafio mundial que requer soluções internacionais.
"Uma das principais mensagens deste documento é que as mudanças climáticas representam um desafio mundial e todos reconhecemos que isto necessita de soluções internacionais", declarou Hays.
Segundo a primeira parte do relatório do IPCC, divulgado em Fevereiro em Paris, a temperatura média da Terra poderá subir entre 1,1 e 6,4 graus centígrados até 2100, por comparação a 1990. A melhor estimativa situa o aumento médio entre dois e quatro graus.

  
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Edição:

N.º 167
Ano 16, Maio 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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