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Inverno suave e um clima trocado: a culpa do El Niño e do efeito de estufa
Ursos com insónia na Suécia, árvores a desabrochar em Dezembro, gelo demasiado fino para a pesca no Quebeque, garças que não emigram para o sul e provas de esqui anuladas por falta de neve. Estas, apenas algumas das consequências das temperaturas excepcionalmente elevadas verificadas ao longo deste inverno no hemisfério norte, que deixa para trás um Outono também anormalmente ameno, a quem os cientistas atribuem a origem ao fenómeno El Niño e ao aquecimento do planeta.
Depois de um 2006 classificado como o quarto ano mais quente no hemisfério norte, segundo a Organização Meteorológica Mundial, os serviços meteorológicos britânicos estimam existir 60 por cento de probabilidade de que 2007 bata novos recordes de calor, com uma média mundial de 14,5 graus centígrados. O El Niño, instalado a leste do Oceano Pacífico desde o final do verão do ano passado, "contribuirá para aumentar as temperaturas até ao final deste primeiro trimestre", diz Jean-Pierre Céron, director adjunto de Climatologia da Météo France.
O fenómeno conhecido por El Niño produz-se a cada três ou sete anos ? a última vez foi em 1998 ?, fazendo com que as águas do centro e do leste do Oceano Pacífico aqueçam de forma significativa, modificando o ciclo das trocas de calor e de humidade entre o oceano e a atmosfera. "Quando uma área tão grande da superfície terrestre como é o Pacífico Oriental aquece, é normal que o clima do planeta seja afectado", explica Céron, justificando desta forma as suaves temperaturas invernais.
Mas, de acordo com os investigadores, esta não é a única explicação para as alterações que têm sido registadas. "Nos últimos trinta anos, as temperaturas de Inverno aumentaram globalmente de uma forma anormal por comparação com períodos anteriores, não podendo ser explicadas apenas por fenómenos solares ou vulcânicos", explica Jurg Luterbacher, climatólogo da Universidade de Berna, na Suíça. E nos próximos anos, adverte Michel Schneider, técnico da Météo France, "estas temperaturas amenas serão cada vez mais frequentes".
Recentemente, o chefe do grupo intergovernamental sobre as Alterações Climáticas das Nações Unidas, Yvo de Boer, alertou o recém-nomeado secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para a necessidade de organizar uma cimeira mundial que fortaleça o compromisso de luta contra o aquecimento do planeta. Recordando que restam apenas dois anos para renegociar o actual Protocolo de Quioto, que limita a emissão de gases com efeito de estufa, o responsável da ONU foi peremptório: "O tempo está a acabar".

  
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Edição:

N.º 164
Ano 16, Fevereiro 2007

Autoria:

AFP
Agence France-Presse
AFP
Agence France-Presse

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