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Ideias para a sustentabilidade

ECOLOGIA PEDAGÓGICA II 

I Métodos para a Auto-Aprendizagem

1. A música, o trabalho gestual, os trabalhos plásticos e os desenhos de forma realizados no workshop, ajudam a compreender a complementaridade entre hemisfério direito e hemisfério esquerdo, revelando a especificidade da actividade criadora.
2. As intervenções teóricas ligadas a esta actividade prática de exercícios e jogos pedagógicos ajudam a reformar o pensamento através das noções veiculadas nomeadamente por Edgar Morin sobre a complexidade, a sistémica e a transdisciplinariedade. Esta metodologia visa uma praxiologia ou seja, a criação de meios conscientes, para a resolução dos problemas.
3 O atelier de teatro com representação rotativa de várias personagens, permite alargar a consciência. O trabalho do eneagrama, ou seja, a investigação e procura da hegemonia caracterial de cada um, é um trabalho fundamental de auto-conhecimento e de conhecimento do outro.
4.Os filmes didácticos e documentários, exemplos de explicitação de problemáticas vivas, permitem a visualização mais concreta dos temas tratados e proporcionam debates enriquecedores.
5. O estudo autobiográfico, tomando em linha de conta períodos marcantes da vida de cada um (exemplo: períodos de sete em sete anos) revelam, na metamorfose biográfica, tendências, aptidões, dificuldades ou vocações que são balanços essenciais para uma auto-orientação consciente.

II Aprender a aprender para empreender com e para a comunidade

Metodologia prática e organizativa
O "conhecimento de si" e o "conhecimento do outro". O conhecimento pessoal faz parte do percurso pedagógico. O aluno apresenta-se e é apresentado. Mas vai aprofundando o auto-conhecimento por exercícios e provas que lhe fornecem um olhar reflectido sobre si e sobre os outros. A ficha com uma série de exercícios permite um processo de auto-análise, um retrato subjectivo e objectivo.
Os exercícios de expressão: os desenhos de forma, o estudo da cor, os trabalhos em barro e a expressão gestual constituem elementos de criação, comparação e auto-observação. Expressam a descoberta de linguagens primordiais, símbolos e referentes da cultura em que nos inserimos. Estes exercícios possibilitam nomeadamente a abordagem psico-social do meio envolvente (umwelt) revelando as questões da proxémia (Eduard Hall), as questões do panóptico e os dispositivos topológicos de dominação e controle estudados nomeadamente por Foucault e ainda problemáticas ligadas às relações entre as pessoas e os lugares e sobretudo a relação produzida pelas formas de arquitectura e do urbanismo ? espaços agarofobos, claustrofobos e sociofobos.

III Autonomia e sustentabilidade

A formação exige uma organização que aprende. Aí se estabelecem sinergias resultantes do diálogo, da troca de experiências, da partilha de múltiplos pontos de vista.
A acção comunicativa é essencial assim como a prática (agir) que permite desenvolver competências baseadas na experiência pessoal directa.
Esta competência tácita, ou seja a experiência vivida, constitui uma ruptura essencial em relação ao ensino dominante que se baseia na memória e na verbalização.
É preciso ultrapassar o "taylorismo" tecnocrático das disciplinas isoladas.
É preciso a abordagem sistémica para ligar conhecimentos.
É preciso criatividade para inovar e propor alternativas.
É preciso acção prática para que se supere o fosso entre os que pensam e os que executam.
A reforma do ensino terá de passar por uma escola aberta à comunidade em que a formação encontre expressão em actividades que melhorem o mundo e a sociedade.
A prática de intervenção ecológica como a plantação de árvores, a organização do paisagismo envolvente dos espaços públicos, a montagem de hortas e jardins escolares e a implantação de protótipos de energias renováveis nos edifícios públicos são alguns dos exemplos possíveis para uma ecocidadania essencial na mudança do paradigma predador da biosfera em que vivemos.
A escola deve tornar-se assim um exemplo pela sua ecoconstrução e pelo seu ecofuncionamento revelando a esperança de um outro mundo possível.


  
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Edição:

N.º 164
Ano 16, Fevereiro 2007

Autoria:

Jacinto Rodrigues
Fac. de Arquitectura da Univ. do Porto
Jacinto Rodrigues
Fac. de Arquitectura da Univ. do Porto

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