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Atraída pelas pessoas e pelo estilo de vida

Delia, romena

?Sempre me senti aqui muito especial por ser estrangeira?. Dez anos depois, já não é bem assim, ser romena no Porto já não é novidade. Mas Delia continua a gostar de Portugal, não do regime e sim das pessoas. Foi recentemente convidada por uma empresa portuguesa para ir trabalhar para a Roménia e rejeitou. Está para ficar, com Robert, seu marido e conterrâneo. ?Não tenho coragem para ter filhos em Portugal?, porque as condições de maternidade ?são péssimas?. Na Roménia, a licença de maternidade é de dois anos. Acha também inconcebível o nosso horário de trabalho: na Roménia começam a trabalhar mais cedo, mas às 16 horas deixam os empregos e têm tempo para estar com a família. E critica a Educação e a Saúde. Todos os romenos que conhece que vivem no Porto e que este ano foram de férias à terra natal aproveitaram para ir ao dentista.
Delia Benedek domina o português, falado e escrito. Tinha 22 anos quando veio pela primeira vez a Portugal. Veio por quatro meses, para tirar uma bolsa de estudos integrada no 4º ano do Curso de Economia da Faculdade de Alba Iulia, cidade romena onde nasceu. ?Fui tão bem recebida! Portugal ficou-me no coração?, afirma no seu sorriso espontâneo. Um ano depois, concluído o curso, regressou por razões amorosas. Obteve um estágio num hotel do Porto, a relação com o português terminou, mas Delia quis ficar. Aos 23 anos era directora de marketing de uma empresa portuguesa. ?A nível profissional, não me senti assim tão especial.? Aos 26 anos tem apartamento e carro próprio, impensável à época na Roménia. Mais tarde, Robert vem ter com ela, casaram há dois anos. Delia lança-se num projecto por conta própria; Robert, licenciado em Matemática Aplicada, continua a trabalhar por conta doutrem. O negócio não lhe corre bem, mas não desiste e desenvolve outro projecto, em parceria com o marido: o Clube de Informática, um sistema de rede com software livre que permite aproveitar computadores antigos, há cerca de ano e meio a funcionar no Círculo Católico de Operários do Porto. Com Robert e os amigos romenos que fizeram no Porto pretendem constituir uma associação de imigrantes romenos para os ajudar a procurar emprego e a criar o seu próprio negócio.
Hoje, Portugal já não é muito aliciante para um romeno, reconhece Delia, face ao desenvolvimento da Roménia em comparação com Portugal. Delia quer ficar porque, apesar dos defeitos, Portugal ?compensa como estilo de vida?.


  
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Edição:

N.º 160
Ano 15, Outubro 2006

Autoria:

Cristina Moura Fonseca

Cristina Moura Fonseca

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