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Portugal dos idosos

Segundo um estudo recente da Comissão Europeia, o envelhecimento populacional trará enormes problemas decorrentes do pagamento de pensões, serviços de saúde e cuidados prolongados. De todos os Países membros, Portugal será aquele em que a despesa pública mais aumentará, devido ao envelhecimento da população. (Veja-se Expresso, ?Economia?, 8 de Abril de 2006, p.4.) Enquanto o aumento na despesa pública devido ao envelhecimento da população será de 0,4 por cento na Áustria, ele será de 10,2 por cento em Portugal (valores estimados até 2050).
Este estudo faz-me lembrar preocupações antigas que espíritos esclarecidos vão tendo. Enquanto Portugal afadiga as suas forças policiais numa espécie de operações anti-imigrantes, outros (Canadá, recentemente) fazem o mesmo com os nossos emigrantes, outros ainda tratam os nossos emigrantes como nós tratamos os nossos imigrantes. Resumindo: aqueles que outras terras buscam, são, em geral, mal tratados. Trata-se também de um enorme erro, pois cada imigrante significa que alguém ocupa o lugar de um nativo que não nasceu ou, também ele, mudou de País!
Portugal precisa de gente ou deixará completamente de existir. Olhemos para quem nos faz as obras e temos respostas. Olhemos para quem serve na hotelaria e temos mais respostas. Também na agricultura teríamos lugar para estrangeiros, beneficiando as terras do interior abandonado deste País concentrado no litoral. A revitalização de aldeias seria possível estabelecendo-se protocolos de imigração (como recentemente uma autarca anunciou querer fazer com uma localidade brasileira, sendo ?repreendida? por quem de direito).
Quanto ao envelhecimento europeu ele é também sinal de que algo vai mal entre quem estando no grupo dos mais ricos do planeta, desistiu (por variadíssimas ordens de razões) de ter filhos. Mas isso seria um interessante tema de debate que não cabe em poucas linhas. Curiosamente, parece ser um modelo civilizacional, o Europeu Ocidental, a entrar em crise total de falta de crianças o que conduzirá ao seu colapso. Entre nós, enquanto professores, interessa outro dado, também citado no ?Expresso? de 8 de Abril. Há uma enorme falta de enfermeiros! Faltam já mais de 21 000, segundo a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros. Mais um dado que aponta para uma crescente procura dos serviços de saúde, algo relacionado com o envelhecimento populacional.
Enquanto vamos definhando podíamos tomar medidas relativas a esta questão. Medidas que passarão, necessariamente por uma nova política de imigração de nacionalidade e de combate à exclusão. A inclusão social dos imigrantes e dos seus filhos pode ser feita (também) pela Escola. Uma Escola responsável, dirigida para a compreensão das questões levantadas pelo multiculturalismo.


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 156
Ano 15, Maio 2006

Autoria:

Maria Gabriel Cruz
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real
Maria Gabriel Cruz
Univ. de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Vila Real

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