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Portugal foi palco para debate mundial sobre a Educação Artística

Portugal foi palco para um debate mundial sobre a Educação Artística durante o mês de Março de 2006. De 1 a 5 de Março realizou-se o Congresso Internacional InSEA 2006 sobre o tema ?Diálogos Interdisciplinares em arte educação? na cidade de Viseu. Logo a seguir realizou-se em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, a «Conferência Mundial de Educação Artística» promovida pela Unesco.
Em Viseu, o Congresso da InSEA (International Society for Education through Art) [http://insea2006.apecv.pt/] , promovido pela Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual [http://www.apecv.pt/], juntou 500 participantes de 54 países, na sua maioria professores de disciplinas da arte educação ( Artes visuais, Dança, Drama, Música e Multimédia) ; agentes educativos e representantes de serviços culturais e de serviços educativos de museus. A conferência da UNESCO reuniu centenas de cientistas, professores e artistas. O objectivo principal da conferência foi o de sensibilizar os governos para a importância da educação artística no ensino.
É importante pensar em criar um sistema novo de ensino que inclua de forma eficaz a educação artística em todos os níveis. Mas muito há a fazer em Portugal neste domínio. 
No Ensino público, Portugal é privilegiado e foi pioneiro na educação artística dentro da área curricular. No entanto, as disciplinas de educação artística, como a Educação Musical e a Educação Visual, são vistas como disciplinas menores sem grande peso no currículo. Têm uma carga horária muito limitada e tende cada vez mais a decrescer. No primeiro ciclo há necessidade de mais professores especializados para apoiar a monodocência. No segundo ciclo, a Educação Visual está actualmente aglutinada com a Educação Tecnológica e, na prática, é quase impossível fornecer aos alunos ensino de qualidade tanto na Educação Visual como na Educação Tecnológica. Urge separar as duas disciplinas para obter melhores resultados e ir ao encontro da aplicação das competências essenciais. No terceiro ciclo, as disciplinas da educação artística surgem como opcionais e com reduzida carga horária.
Até há bem pouco tempo nas escolas básicas (segundo e terceiro ciclo) existiam muitos clubes extra-curriculares de educação artística, clubes esses referenciados por Teresa André na sua entrevista ao Público de 6 de Março de 2006. Tais clubes eram espaços de aprendizagem e exploração importantes. No entanto, neste ano lectivo os professores são obrigados a dar aulas de substituição e ficam sem tempo na sua componente não lectiva para continuarem o bom trabalho que vinham a desenvolver nas escolas.
Existe também necessidade de rever o quadro existente de formação de professores, a formação inicial e a formação contínua. É necessário reforçar as componentes de educação artística nas Escolas Superiores de Educação e é também necessário investir mais na formação de professores ao longo da vida.
A Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual (APECV) é uma associação profissional com 1200 sócios em Portugal e nas ilhas. A APECV tem o Centro de Formação de Professores Almada Negreiros e ao longo dos últimos cinco anos promoveu anualmente entre dez a quinze acções de formação na área da educação artística destinadas a professores dos vários níveis de ensino. Até 2005 o volume de formação foi representativo no contexto nacional, as acções de formação eram co-financiadas pelo Governo Português e pela Comunidade Europeia ( PRODEP). Assim, os professores puderam fazer formação contínua sem encargos financeiros para eles. No entanto, neste ano lectivo nenhuma das acções de formação do plano de formação do Centro Almada Negreiros foi financiada pelo PRODEP porque a educação artística não foi considerada área prioritária pelo governo português. As acções do Centro Almada Negreiros são neste momento pagas pelos formandos, e nem todos os professores se podem dar a este luxo, sobretudo os professores em início de carreira cujos salários são pequenos.
Para concluir, gostaria de deixar bem claro que a educação artística existe em Portugal, mas ela pode ser melhor. Acredito que na sequência do congresso da InSEA em Viseu, e da conferência da UNESCO em Lisboa, novos caminhos e possibilidades se vão abrir na educação artística em Portugal.


  
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Edição:

N.º 156
Ano 15, Maio 2006

Autoria:

Teresa Torres Eça
Vice-Presidente da Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual (APECV); representante da Europa no Conselho Mundial da International Society for Education through Art ( InSEA)
Teresa Torres Eça
Vice-Presidente da Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual (APECV); representante da Europa no Conselho Mundial da International Society for Education through Art ( InSEA)

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