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O trabalho invisível dos professores

Em relação a um infeliz artigo de Miguel Sousa Tavares sobre o trabalho dos professores, dentro e fora da escola, era bom que fosse feito o seguinte esclarecimento: os professores do 2º e 3º ciclos do ensino básico e ensino secundário têm um número de aulas variável em função do seu tempo de carreira (a chamada componente não lectiva) e além das referidas aulas os professores têm um infindável rol de trabalhos a desenvolver na escola e que não podem ser feitas "na rua e em casa".
 Realmente seria óptimo que, após as aulas, os professores apenas tivessem a preocupação de preparar aulas e corrigir trabalhos. Mas não, fora do horário lectivo há um inúmeras tarefas, entre as quais se podem destacar reuniões periódicas de todos os tipos: de grupo, de departamento, de conselho de turma, de conselho de ano, de ciclo, de pais e encarregados de educação, de conselho pedagógico, de directores de turma, de avaliação, intercalares, etc...etc... das quais se têm de fazer as respectivas actas (estas reuniões demoram em média 3 horas, mas é de notar que há semanas em se podem ter várias e de várias horas, além das reuniões informais que não chegam a ser consideradas como tal).
Claro que estas reuniões têm de ser preparadas e das mesmas de ser redigida a respectiva acta. Mas não é só. Bem à portuguesa, há impressos e formulários a preencher para tudo.
Fora da escola, normalmente em casa, os professores preparam as suas aulas, fazem as suas planificações e corrigem os trabalhos dos alunos. Nos seus computadores pessoais, bem entendido, que foram comprados por si próprios. Será assim nas outras profissões?
Também convém que os professores se actualizem, que comprem livros e leiam, que façam a sua formação, mas reparem, só em horário extra e a expensas pessoais. E já é uma sorte que, quando há um Seminário ou Encontro relativo à sua especialidade,  o ministério lhe aceite justificar a falta. Que eu saiba, quando numa empresa os funcionários vão para formação fazem-no no seu horário de trabalho.
Quanto ao resto, seria fastidioso e deprimente relatar  os casos que fazem da escola um local de stress permanente, que só não sabe quem nunca entrou em nenhuma (estamos a falar de escolas públicas, bem entendido, que nas outras "fia fino").
E estou certa que no fim de tudo me esqueci de imensas coisas que devia ter dito, mas o tempo é curto e tenho apenas o resto da tarde para ir fazer o teste para os meus alunos. É que tarefas destas não se podem guardar para mais tarde e o professor não pode dizer simplesmente que não teve tempo. Os professores têm sempre tempo para tudo...


  
Ficha do Artigo
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Edição:

N.º 154
Ano 15, Março 2006

Autoria:

Maria Luísa Abreu
Professora - Escola Secundária Padre António Vieira
Maria Luísa Abreu
Professora - Escola Secundária Padre António Vieira

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