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Caros amigos da redacção do jornal a Página

Fiquei muito feliz em saber da existência deste Jornal. Participo há anos do Sindicato dos Professores da Cidade do Rio de Janeiro, que representa os professores da rede privada de ensino, e do SEPE - Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro, que representa os profissionais de educação da rede pública do nosso estado. Sou professor da rede municipal de ensino público da Cidade do Rio e professor de ensino médio da rede estadual pública. Já trabalhei também por muitos anos na rede privada de ensino superior da cidade (aqui temos que trabalhar em várias escolas para ganhar um salário razoável). Posso lhes afirmar que por aqui não temos um jornal igual ao de vocês, o que é uma pena, sem dúvida!
Meu interesse em escrever-lhes encontra-se no fato de ter encontrado, nos inúmeros artigos do Jornal A Página da Educação, semelhança dos problemas e dilemas da educação brasileira com os que vocês enfrentam por aí em Portugal.
Sem querer, pesquisando na internet, descobri que os portugueses não têm apenas como dor de cabeça o técnico de futebol Filipão! A realidade da educação dos dois países são muito próximas. Parece que as reformas neoliberais nos dão a falsa idéia de que as coisas por aqui estão melhorando, porque estamos cada vez mais próximos da realidade europeia, enquanto que vocês em Portugal têm a real ideia de que as coisas estão piorando, porque estão cada vez mais próximos da realidade terceiro mundista.
Em verdade companheiros, nunca tivemos um Estado do Bem Estar Social. As políticas sociais no Brasil, quando se universalizam, são sempre acompanhadas por uma queda na qualidade. Para os governos no Brasil o que interessa é a quantidade. A qualidade faz parte apenas da retórica política. Assim, vivemos por aqui (acho que também por aí) aquilo que alguns de nossos acadêmicos chamam de "exclusão includente", ou seja, os alunos estão na escola, mas pouco aprendem ou quase nada aprendem. Situação dramática, não é verdade? A exclusão está mais difícil de ser combatida, ela não está mais fora da escola, ela está dentro da própria escola.
Fico por aqui amigos, espero poder manter correspondência freqüentemente.
Abraços.


  
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Edição:

N.º 153
Ano 15, Fevereiro 2006

Autoria:

Marcio Franco

Marcio Franco

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